O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para tentar resolver uma crise do governo que ganhou proporções imensas. O motivo do enorme tamanho é simples: o imobilismo da presidente Dilma Rousseff. Ela não conseguiu, até o momento, conversar com seus pares e apontar um caminho.
Presa entre as correntes do PT, partido que lhe abriga, mas nunca foi o dela, Dilma parece também estar perdida do ponto de vista administrativo. As denúncias de corrupção na Petrobras estão sendo tratadas como intrigas da oposição. É assim que o PT quer que elas sejam tratadas. Dilma pode até discordar desse posicionamento, mas não tem força política para fazer diferente. Ou, em outra hipótese, talvez não saiba o que fazer de diferente.
A saída, apresentada até aqui, de dizer que vai investigar e punir porque não concorda com o “malfeito” não convence mais ninguém. Mesmo porque, até este momento, ninguém sabe de um só resultado das investigações internas da empresa. O governo parou no caso Petrobras e vê, como se estivesse de longe, a inflação e o desemprego aumentarem. São dois lados da vida cotidiana muito importantes para a população. Quando o bolso não anda bem nada anda bem na vida do cidadão. E não há como o cidadão separar a sua dificuldade individual, provocada por uma conjuntura nacional, dos escândalos e denúncias que aparecem na mídia a todo momento.
Resultado dessa situação: a corrupção é motivo da indignação que cresce na mesma medida em que o dinheiro para o supermercado fica mais curto. E não é possível responsabilizar o cidadão por nada disso. Afinal de contas, o brasileiro fez tudo o que estava a seu alcance. Quando pediram para ele ir às compras e confiar na economia do país, ele foi. Quando disseram para ele, ainda no governo Lula, que as denúncias de corrupção (no caso do mensalão) eram algo pontual, ele acreditou e reelegeu o presidente petista.
Em outras palavras, o brasileiro quer é que alguém se responsabilize por tudo que está sendo denunciado e, mais do que isso, que apresente uma solução. Não é mais possível manter o jogo de empurra e fingir que está tudo bem.
Quando Lula entra no processo de gestão da crise na condição de ex-presidente e principal liderança do PT, ele também está permitindo que lideranças de outros partidos façam o mesmo. Seria um bom momento para deixar a polarização de lado e PT, PSDB e todas as outras siglas sentarem na busca de uma solução eficiente. Para isso, é preciso admitir que a corrupção é endêmica e já contaminou a todos. Na condição de doentes, os partidos precisam agora da cura. Será assim, ou cada uma das legendas vai sucumbir gradual e lentamente, como já acontece com o PT. A hora é de responsabilidade.
Carla Kreefft
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