A crise provocada pelas denúncias de corrupção na Petrobras se estendem e agravam a situação de instabilidade política no país. Com suspeição sobre lideranças importantes, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, o impasse político ganha mais força e amplia a indignação da população.
À medida que os nomes que constam no relatório do procurador geral do Estado, Rodrigo Janot, vão aparecendo na mídia, é possível perceber que o esquema não estava restrito a um gueto político, como o governo federal tentou fazer parecer. A amplitude das irregularidades é grande, os partidos da base do governo e suas lideranças estão muito envolvidos.
A presidente Dilma Rousseff, que somente fica a repetir que os malfeitos serão investigados e seus responsáveis serão punidos, ainda não se deu conta de que não se trata de uma peraltice, uma travessura. A crise da Petrobras parou o país, está, a cada dia, derrubando a economia, destruindo uma imagem externa de confiança e credibilidade. E, como se tudo isso não bastasse, o patrimônio da empresa se esvai em uma velocidade que praticamente inviabiliza sua recuperação, pelo menos, em médio prazo.
A pergunta que fica diante desse quadro é: “E ninguém vai fazer nada?”. Certamente, os políticos não estão fazendo nada além de cuidar de sua proteção. Quem não tem essa preocupação tem o desejo de ver o adversário em situação embaraçosa. Em resumo, quem tem telhado de vidro procura uma cobertura rápida, e quem não, quer é usar o estilingue o mais rápido possível.
Em meio a essa disputa insana, estão o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário. Não são elementos políticos – não do ponto de vista partidário –, mas também têm suas posições ideológicas e interesses particulares. Onde é que fica, então, a isenção para uma apuração justa? Ao contrário do que anda circulando nas redes sociais, são essas instituições as únicas capazes de enfrentar o desafio de realmente passar a Petrobras a limpo. Elas têm a competência legal, a capacidade e os instrumentos necessários.
É preciso confiar e cobrar dessas instituições, que são as ferramentas que a democracia oferece. Qualquer tentativa diferente disso é golpe. Entretanto, a população tem o direito e até a obrigação de fazer um acompanhamento rigoroso. Assim, manifestações de rua são legítimos instrumentos de pressão e cobrança. Comissões parlamentares de inquérito também são legítimas. O governo federal e quem mais for alvo dessas investigações e cobranças precisam suportar a situação dentro, também, da legitimidade. Qualquer atitude diferente é contragolpe.
O teste é para valer. O Brasil tem a chance de fazer tudo pelas vias democráticas ou derrubar o pouco que construiu.
Carla Kreefft
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