Afinal, depois de muito ler e refletir, consigo perceber onde me enganei nesses anos todos. Há muito escrevo e comento que PT e PSDB deveriam se unir para auxiliar o país a sair das crises em que tem se metido. E supunha que ambos poderiam juntos – guardadas as devidas diferenças – fugir ao destino de serem no governo reféns dos PMDBs e siglas fisiológicas em geral.
Não vão conseguir. Afinal, na sexta-feira, dia 20, Dilma Rousseff reapareceu em público, como se ainda estivesse no palanque, e atacou o PSDB, acusando o adversário de ser o verdadeiro pai da operação Lava Jato. Prontamente, tanto FHC quanto Aécio retrucaram, o primeiro mais incisivo: se Barusco (ex-gerente da Petrobras, agora delator premiado) diz que usufruía de propinas desde 1997, afirmo que só o PT tornou essa prática institucionalizada, isto é, fez da empresa um canal de corrupção como jamais existiu neste país. (Não ponho entre aspas porque só registrei pela televisão.)
Acontece que os dois partidos são o verso e o reverso de uma mesma medalha, que suga o trabalhador, organizado ou não, e patrocina uma espoliação igual às que agora vemos acontecerem mundo afora.
O PT faz com o PMDB o repeteco do nacional-desenvolvimentismo, que sempre viveu de corrupção e que, em sua versão moderna, tenta criar um capitalismo financiado pelo Estado, via BNDES, com seus “campeões nacionais”. Estes são beneficiados com dinheiro do FAT ou do Tesouro e engendram conglomerados como o Friboi, que suga duplamente o povão: no preço, neste caso da commodity “carne”, ou na elevação da dívida pública, levada à estratosfera.
Aí entra Joaquim Levy, ligado ao outro lado, para pôr ordem na casa, fazendo com que todos os que vivem de salário paguem o pato pela tunga dos de cima. No caso do PT, há um respeito litúrgico pelos movimentos sociais e sindicais organizados, que vivem de benesses estatais e que, cooptados, não representam os trabalhadores, mas ficam esperneando sem sucesso. Aliás, desde Lula, a CLT varguista continua em vigor e até consegue ser piorada, com a concessão de 10% da contribuição sindical para as centrais sindicais. Assim, os movimentos organizados se calam, enquanto os desorganizados, quando saem às ruas, ou são assassinados (como Amarildos), ou são chamados de vândalos.
No caso do PSDB, o esquema é outro: o capital financeiro reina soberano – daí o Proer com que FHC salvou os bancos da quebradeira – ou entra no mercado brasileiro, como agora esclarece o escândalo do HSBC. Ao tempo desses, o pau come sobre os trabalhadores organizados (lembrem-se dos petroleiros em 1995), e nada de sobras de banquete para os pobres (como o Bolsa Família, criado por eles e adotado, com requintes, pelos petistas). Mas ambos trabalham uns para os outros, como fez antes Henrique Meirelles para Lula no Banco Central, e como faz agora Joaquim Levy para Dilma.
Tudo “farinha do mesmo saco”, pois sabem lucrar e mandar a conta para os trabalhadores.
Grande pilantragem.
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