quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O que o Brasil pode aprender com a Itália com o Petrolão

O que a abertura da fatal caixa de Pandora das investigações pode causar ao mundo político brasileiro ainda é uma incógnita
O Brasil está à espera para saber os nomes de políticos e partidos escondidos na caixa de Pandora do Petrolão. Na mitologia grega, essa caixa, que era na verdade uma ânfora de barro, guardava “os males que afligem a humanidade”.

Pandora era a mulher que Zeus havia criado “para introduzir os males na vida dos homens”. Como a antecessora de Eva, Pandora era a que carregava todos os problemas do mundo.

Hoje a sociedade moderna redimiu a mulher do estigma de ser a grande sedutora e a origem de todas as desgraças. A política é um substantivo feminino e sua finalidade é a de criar bem-estar e felicidade aos cidadãos.

O possível resultado político dos males que a abertura da fatal caixa de Pandora pode causar ao Brasil ainda é uma incógnita. Há quem já fale de escorregões no abismo e quem prefira ver nessa atitude de coragem de juízes, promotores e policiais um sinal de ressurreição de um novo modelo de política, um modelo que rompa com os velhos esquemas do passado para dar vida a um novo rumo histórico.



 Que o Brasil seja capaz de esvaziar a velha caixa de Pandora da mitologia grega para enchê-la de novas esperanças. Que nela possam entrar, depois da tragédia do Petrolão, novas forças, políticos mais conectados com a voz das ruas, menos preocupados em enriquecer, e que ressuscitem esse país da crise à qual foram arrastados pela mitológica e trágica grega Pandora
Neste momento é, no entanto, imprescindível olhar para a Itália de 1992, onde houve uma abertura da caixa de Pandora mais parecida com a brasileira. Foi quando, depois de um período de decadência da política tradicional, o promotor Antonio Di Pietro lançou a operação Mani Pulite ou Tangentopoli, na qual a nata dos políticos dos partidos mais importantes acabou na prisão, ao lado de dezenas de grandes empresários cúmplices por terem enriquecido ilegalmente, e também seus partidos.

O juiz Sergio Moro, protagonista da Tangentopoli brasileira, a Lava Jato, já havia lembrado, há dez anos, que o Brasil caminhava para algo parecido ao vivido na época pela Itália.

E também é possível que aqui, juntos, políticos e empresários acabem condenados e que os grandes partidos que até agora governaram o Brasil possam ser duramente punidos nas urnas, como aconteceu na Itália, onde a Tangentopoli abriu caminho para novas legendas nascidas do nada.

Leia mais o artigo de Juan Arias

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