Campanhas eleitorais costumam ser mais emoção do que razão.
São sempre criticadas por não se aprofundar em temas urgentes, por abusar dos
ataques e contra-ataques. Mas nunca antes na história deste país uma campanha
foi tão infame e deseducadora. O retorno da presidente Dilma Rousseff à liderança
isolada da disputa depois de artilharia intensa – tendo a mentira como
principal arma – não deixa dúvidas. Corrobora com a maquiavélica tese do vale
tudo, de se fazer o diabo.
Marina Silva foi bombardeada por Dilma e Aécio Neves. Mas
até o capeta se assustou com a tática usada pelos petistas para desconstruí-la.
De uma hora para outra, a ex-ministra de Lula virou
defensora do capital e dos banqueiros, companheira de tucanos neoliberais que
querem aniquilar com as estatais, acabar com o Bolsa Família e com a CLT.
Vencida a primeira batalha, a campanha de Dilma tratou de
proteger o flanco que poderia sangrá-la: a roubalheira na Petrobrás, que
começou a ganhar forma e endereço com a delação premiada de Paulo Roberto
Costa.
Especialistas em transformar os males que os afligem em
virtudes, os petistas rapidamente produziram uma nova Dilma contra a corrupção.
Não aquela Dilma-faxineira que chegou a fazer sucesso no primeiro ano de
mandato e que sucumbiu. Outra personagem, desta vez encarnando a líder no combate
à impunidade.
Há duas semanas, em todas as entrevistas e discursos –
incluindo a fala eleitoral na abertura da Assembleia da ONU –, Dilma empunha a
bandeira anticorrupção. Na sexta-feira, prometeu endurecer contra agentes
públicos que prevaricam, além de reformar a Justiça e criar leis para facilitar
a perda de bens adquiridos de forma ilícita.
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