segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Medo de perder conquistas favorece Dilma


Apesar de 70% dos brasileiros afirmarem que querem “mudar”, na hora de votar, o conhecido inspira mais confiança
Nem sempre a História se repete. Nessas eleições, por exemplo, está acontecendo o oposto do que ocorreu em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva conquistou a Presidência da República.

Naquela época, os brasileiros tinham medo de Lula. Era a esquerda que chegava ao poder e o sindicalista havia ganhado com a estratégia de “vencer o medo com a esperança”.

Hoje, o PT trouxe de volta às eleições aquele medo que tinha impedido Lula de vencer três vezes a disputa pelo cargo. E, ao contrário do que houve antes, a arma de difundir entre os eleitores de classe baixa o medo em relação à candidata rival, a ambientalista Marina Silva, apresentada como a amiga dos banqueiros, a preferida pelos ricos e aquela que poderia retirar dos mais pobres o que já conquistaram, está dando resultados positivos para Dilma Rousseff.

A já mítica classe C, formada por esses mais de 30 milhões de brasileirosque conseguiram saltar a linha da pobreza e passar para o mundo do consumo, aparece ainda, de maneira geral, sensível ao medo de perder o que já conquistaram.

Apesar disso, os filhos dessas famílias, que já estudaram, são mais críticos que seus pais e já demonstraram, durante as manifestações de 2013, que querem não só programas assistenciais, mas melhorias estruturais para poderem dar um verdadeiro salto social.

Esse medo de perder as conquistas sociais está, efetivamente, dando resultados entre os eleitores dos estados mais pobres como os do Nordeste, para os quais a maioria dos debates eleitorais teóricos, como os da independência do Banco Central, o maior ou menor crescimento do PIB e a flutuação cambial do dólar têm muito menos importância do que a vida real das famílias.

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