terça-feira, 1 de julho de 2014

Copa: O poder também está em jogo


Enquanto os brasileiros estão nos estádios, os partidos oficializam as candidaturas
     No dia 27 de maio, quando Enrique Peña Nieto despediu-se da seleção mexicana que iria ao Rio de Janeiro, ele fez com que os jogadores jurassem à bandeira em um ritual de Estado. O fato inusitado confirma que o futebol é um dos fatores mais eficientes para agrupar uma identidade coletiva. Por isso, os técnicos criam metáforas com a nacionalidade. Os político buscam servir-se desta empatia para ganhar votos. Mas, como está demonstrando a Copa do Mundo no Brasil, nem sempre essa tática funciona.
     Quando conquistou para seu país o direito de receber a Copa e a Olimpíada de 2016, Luiz Inácio Lula da Silva pensou em dar uma dimensão esportiva a um protagonismo universal. Era 2007. A bonança brasileira fascinava os investidores. E a chancelaria ensaiava diálogos com o Irã, com o sonho de conseguir uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
     A história foi outra. Para a presidenta Dilma Rousseff, a Copa do Mundo tornou-se um jogo de lágrimas. O barulho das obras misturou-se ao dos protestos. No jogo de abertura, a presidenta, que é candidata à reeleição, foi submetida a insultos ensurdecedores vindos das arquibancadas. “Foi um ataque das elites brancas”, indignou-se Lula. Mas ele não convenceu. Segundo o Ibope, depois deste episódio, a confiança na presidenta Dilma caiu 5 pontos percentuais. O Governo temeu que a festa esportiva fosse o enterro de seu programa eleitoral.

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