Nesses seis anos em que falei dele com crescente asco, decidi só fazer isto nas colunas de meio da semana —nunca aos domingos e segundas. Não queria contribuir para azedar o café da manhã do leitor nos dias dedicados à restauração de forças para o trabalho. Durante esse tempo, tive a felicidade de contar com a aprovação de 90% dos leitores, contra comentários de ódio dos outros 10%. Como fiel respeitador da opinião dos leitores, nunca me ofendi com esses últimos, mesmo quando me atribuíam crenças que respeito, mas a que nunca fiz jus, como a de comunista, petista ou torcedor do Vasco.
Cedo decidi também não mais me referir a Bolsonaro como "presidente Jair Bolsonaro", muito menos como "presidente Bolsonaro" e nem mesmo como "Jair Bolsonaro". O espaço numa coluna é sagrado. Passei a chamá-lo só de "Bolsonaro", e sempre tapando o nariz. Por fim, outra importante decisão foi a de só parar de falar dele quando ele fosse preso.
Hoje quebro uma das promessas. Escrevo sobre ele num fim de semana, na certeza de que os ditos 90% de leitores me perdoarão alegremente. Os outros 10%, que também me honram com sua fidelidade, saberão compreender —espero. Bolsonaro enfim condenado à prisão é uma vitória do Brasil. Pena que com tantos anos de atraso, graças a um procurador-geral e a um presidente da Câmara que devem repugnar até seus próprios espelhos.
Bolsonaro está perto de ser preso. Mas assunto não me faltará.

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