O filme “Feliz Natal” (Joyeux Noel), de Christian Carion, baseado em fatos reais, traz-nos a história do Natal no front de 1914 da Primeira Guerra Mundial, onde soldados da Alemanha, Escócia e França se confraternizaram, espontaneamente, em histórico episódio inédito.
A Primeira Guerra Mundial, a guerra das trincheiras, foi um dos mais terríveis episódios da história humana, em guerra onde morreram mais de 10 milhões de soldados, mais 30 milhões de Gripe Espanhola, no desolamento que se seguiu. Ao longo da guerra, foram construídas mais de 50 mil km de trincheiras. Em Verdun, onde se visitar leva à lágrimas de sangue sobre o sangue derramado na terra do sangue, morreram mais de 1 milhão soldados ao longo de um ano, em uma das piores batalhas já vistas pela humanidade. Padecemos, pobres de carne de que fomos feitos. Mortos sobre mortos, farpas sobre farpas, no devaneio da ilucidez.
No filme, um tenor da Ópera de Berlim vai ao front para entoar para os seus soldados, no que se contrapõe musicalmente a um Padre também tenor, escocês, no que se levantam, seguidos por outros soldados. Na fronteira do combate triplo da ignomínia, alemães, franceses e escoceses, se confraternizando, dialogando, experimentando comidas típicas, e disputando um improvisado campeonato de futebol. Como disse Eric Hartmann, piloto de guerra mais condecorado na Segunda Guerra pela Alemanha, pacifista na sequência do ocorrido, “a guerra é o lugar onde os jovens, sem se conhecer e sem se odiar, se matam, pela decisão dos mais velhos, que se conhecem e se odeiam, sem se matar”. No final, as tropas foram punidas, pelo exemplo que deram de bondade, em prol de suas “nacionalidades”.
Que o Natal reluza sobre nós e nossos lares, na bondade extrema que acometeu a esses soldados, destinados à luta, mas humanos em sua humanidade, como no espírito possível de todos nós.
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