Também corriqueira no país foi a impostura adotada pelo advogado de Cristófaro, que comparou seu cliente a Adolf Eichmann, nazista responsável pela deportação de judeus para campos de concentração. Após a derrota na Segunda Guerra, ele fugiu, foi capturado em Buenos Aires pelo Mossad, serviço secreto israelense, e executado por enforcamento. "Eichmann não foi julgado, foi prejulgado", discursou o doutor, desqualificando o tribunal de Jerusalém.
Por desencargo, alguns vereadores reagiram aos argumentos falaciosos –os quais, igual ao racismo, estão assumindo um caráter estrutural e permanente no Brasil. No fundo, ninguém se surpreendeu com a peroração que, não por acaso, lembra a defesa dos réus no julgamento sobre os atos golpistas de 8 de janeiro pelo STF.
Mais do que o surgimento de um hábito jurídico –em que a regra é atacar, ofender, mentir e viralizar na internet com gafes tão absurdas que parecem propositais–, o método fortalece um novo direito, o de falar qualquer coisa no modo "pra lá de Marrakech", como na canção de Caetano Veloso. Porque alguém sempre há de concordar e aplaudir. Acontece que, hoje, esse alguém são multidões.
"Eu posso discutir qualquer coisa, posso pensar qualquer coisa, mas, se não botar em prática, não tem problema", disse Bolsonaro ao jornalista Lauro Jardim sobre o teor das conversas secretas no Palácio do Planalto. Está pronta a defesa do golpista.
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