Dependendo dele, Bolsonaro seria recebido por uma multidão barulhenta ou histérica no aeroporto, e dali, em carro aberto, atravessaria parte da cidade. Foi o que pediu a Valdemar Costa Neto, presidente do PL, mas não será assim. Ele deixará o aeroporto por uma porta lateral, e em carro fechado irá para casa. Salvo se um juiz de fim de semana, sabe como é…
Como conta Bela Megale, repórter de O Globo, a prisão de Bolsonaro chegou, ontem à tarde, a ser tratada na reunião entre a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança do Distrito Federal e outras autoridades. Se fosse preso, para onde ele seria levado? Como ex-presidente da República, teria direito a uma cela especial, sem grades, e a um atendimento também especial.
Foi assim com Lula quando o então juiz Sérgio Moro, depois declarado “parcial” pelo Supremo Tribunal Federal, o prendeu. Foi assim com o ex-presidente Michel Temer (MDB) preso no meio da rua em São Paulo e transferido para o Rio por ordem de Marcelo Bretas, juiz da Lava Jato. O Conselho Nacional de Justiça investiga Bretas por supostas irregularidades na condução de processos.
A reunião para decidir onde Bolsonaro ficaria preso terminou sem definir o local. Poucos acreditam na prisão, e se ela ocorrer, decide-se na hora para onde levá-lo. Sem a imunidade que o cargo lhe conferia, ele responde a processos na justiça comum. Seu destino está nas mãos de uma dezena de juízes, embora responda também a processos no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral.
Em breve, terá que encarar mais um. Sabia-se que o casal presidencial fora presenteado pela ditadura da Arábia Saudita com dois estojos de joias no valor de 176 milhões de reais. O estojo de Michelle acabou apreendido pela Receita Federal; o de Bolsonaro, entrou no país ilegalmente, como se fosse contrabando, e foi entregue a ele que o escondeu, sendo obrigado a devolvê-lo.
Mas não foi só isso. Por meio da Lei de Acesso à Informação, a agência Sportlight de jornalismo obteve um documento que mostra que foram três malas com presentes que a ditadura enviou a Bolsonaro. No documento, o tenente da Marinha Marcos André Soeiro diz que pagou o equivalente a pouco mais de 4 mil reais à companhia aérea Qatar Airways para despachar as malas:
“[O custo foi referente à] necessidade de despachar três malas extras, contendo itens ofertados pelo Reino Saudita ao Estado Brasileiro, cujos comprovantes encontram-se em anexo”.
Três malas com “itens ofertados pelo Reino Saudita ao Estado Brasileiro”? O que mais havia nessas malas? Talvez um terceiro estojo. O jornal O Estado de S. Paulo descobriu que Bolsonaro recebeu dos sauditas um terceiro conjunto de joias de ouro branco e diamantes avaliado em mais de R$ 500 mil. Só um relógio Rolex cravejado de pedras vale mais de R$ 360 mil.
Bem-vindo, Bolsonaro!
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