Deputado federal durante quase 30 anos, Bolsonaro comprou o apoio dos militares com emendas ao Orçamento da União.
Depois de eleito presidente, voltou a comprar o apoio deles com empregos, altos salários e uma Previdência Social particular.
Só se elegeu porque o Supremo Tribunal Federal, em abril de 2018, negou um habeas corpus a Lula que evitaria sua prisão.
O Supremo votou sob pressão do comandante do Exército, o general Villas Bôas. Lula seria preso poucos dias mais tarde.
De dentro da prisão, liderou todas as pesquisas de intenção de voto até que a Justiça Eleitoral decretou sua inelegibilidade.
Entre 30 de outubro último, quando se elegeu presidente, e 8 deste mês, Lula viu o Exército dar abrigo a golpistas.
E no dia da tentativa fracassada de golpe, viu a omissão da tropa do Exército destinada a proteger o presidente da República.
Como cobrar a Lula que renove a confiança nos militares se muitos pretendiam derrubá-lo? É sobre um golpe de Estado.
No final da tarde do dia 30 de outubro, poucas horas antes do início da apuração de votos, Bolsonaro achou que havia vencido.
A derrota, de fato, surpreendeu-o, e aos que o cercavam. Antes da meia-noite, ele já falava que a eleição lhe fora roubada.
No dia 18 de novembro, à saída de uma reunião com Bolsonaro, o general Braga Neto, seu vice, disse aos devotos no cercadinho:
“Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”.
O que se tramava? Segundo a CNN Brasil, discutia-se no entorno de Bolsonaro como reverter o resultado eleitoral.
Havia várias cartas na mesa – dentre elas, a possibilidade de decretar o Estado de Defesa no país. Seria um golpe.
Minuta de decreto presidencial estabelecendo o Estado de Defesa foi apreendida na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Torres foi preso. Disse que recebeu a minuta “de um bolsonarista”, mas não quis revelar a identidade dele.
É claro que o golpe fracassou porque a maioria dos generais do Alto Comando do Exército não aderiu. Mas, e daí?
Daí é natural que Lula, por ora, siga arredio. E que assim permaneça até que os culpados sejam descobertos e punidos.
Em entrevista à GloboNews, Lula falou como chefe supremo das Forças Armadas:
“O importante é despolitizar as Forças Armadas. O soldado, o sargento e o coronel são do Estado. Não é o Exército do Lula, do Bolsonaro, eles têm que defender o Estado brasileiro, a Constituição. Eu quero conversar com eles (os comandantes) abertamente. Quero manter uma relação civilizada”.
Não quero ter problemas com as Forças, nem que elas tenham problemas comigo. Quero que a gente volte à normalidade. As pessoas estão aí para cumprir as suas funções e não para fazer política. Quem quiser fazer política tira a farda, renuncia ao seu cargo, cria um partido político e vai fazer política.”
Não lhes parece sensato? Parte dos que discordam querem que nada mude, e que o Poder Civil continue subordinado ao Militar.
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