Outra das promessas era dar um fim à bandalheira financiada pelo governo. Mas os corruptos nunca tiveram tanta facilidade para agir, sobretudo depois que Bolsonaro, para evitar o impeachment, abriu os cofres ao centrão, tornando o presidente da Câmara, Arthur Lira, dono do Orçamento –que passou a ser distribuído secretamente. Mais robusto que o mensalão e o petrolão, o dinheiro do secretão financiaria o extermínio de manadas de javalis e javaporcos no mundo inteiro.
A caça ao animal – cujo abate é permitido desde 2013 para evitar a transmissão de doenças e o prejuízo dos agricultores– virou reles pretexto para armar a população civil. Quanto mais javalis (o número deles triplicou nos últimos anos, dizem até que tem gente espalhando o bicho de propósito) melhor para o negócio do armamento e para a criação de grupos de caçadores.
Que às vezes são tudo, menos caçadores. Quem faz a festa são milicianos, traficantes e assaltantes. Não há dia em que um criminoso não seja preso passando-se por colecionador ou atirador esportivo. Ou um bate-boca que não acabe em tiroteio.
Hoje há 2,8 milhões de armas de fogo registradas em acervos particulares e quase 700 mil pessoas cadastradas como CACs, contingente maior que o das polícias militares e o das Forças Armadas. A facilitação na compra de armas sob Bolsonaro – 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas, dois projetos de lei – reflete um país que se prepara para a guerra, não para as eleições.
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