Não confio em ti, general. Proclamastes a República em nome do povo e deixastes o povo fora das urnas. Não aceitastes que mulher votasse. Excluístes os analfabetos, ou seja, quase todo mundo. Não bastasse, continuastes açoitando negros nos quartéis.
Falas em nome do povo, mas morres de medo do voto popular. Na República Velha, inventastes de salvar estados cujos governantes eleitos não te agradavam.
Depois, defendestes o voto secreto dizendo que todos os males advinham do sistema eleitoral. Derrubastes o presidente eleito, mudastes o sistema político e, por pressão, aceitastes o voto da mulher. Mas persististes deixando o povo longe das urnas.
Achando pouco, inventastes mentira deslavada para impor uma ditadura e negar a manifestação da vontade coletiva. Empurrastes goela abaixo da sociedade uma Constituição copiada da Polônia fascista.
Quando não conseguistes mais manter a ditadura, destes duas opções ao povo: eleger um de farda de azul ou outro, verde-oliva. E te espantastes com a votação dos que queriam mudança social. Impusestes a clandestinidade aos que levantavam bandeiras populares.
Depois quisestes destituir um velho caudilho transformado em ídolo do povo. O homem queria um país com ciência, tecnologia, indústria e direitos sociais. Com teus aliados de sempre, atazanastes de tal forma o velho que ele se matou. Tirou de tua boca o gostinho de vê-lo injustamente preso como ladrão.
Em seguida, mais uma vez, repudiastes o veredito das urnas. Só o contragolpe de um colega sensato asseguraria posse ao eleito.
Renitente é tua sanha contra o voto. Derrubastes de novo o presidente da República e impusestes 21 anos sem eleições livres. Distribuístes porrada sem piedade! Os que te contestavam, mandavas matar ou mofar na cadeia.
Quando fostes obrigado a acatar eleições, mesmo indiretas, quebrastes a cara, teu candidato dançou.
Engolistes a seco a decisão do Constituinte de 1988 que garantiu o voto do analfabeto. Que fajutice este regime republicano que proclamastes: os mais humildes esperaram cem anos para ter direito de votar. Como tens medo de urna, general!
Os brasileiros começaram se acostumar a votar e, à sorrelfa, tramastes contra as eleições. Em conluio com malandros de paletó e juízes pequenos, articulastes a derrubada de uma mulher honesta e a prisão de um líder popular.
Exibistes tua força usando um celular. Admirável! Nem precisastes deixar a tropa de prontidão.
Finalmente, arranjastes um bufão para a cadeira presidencial. Avalizastes seu governo. E que ao babaca fossem imputados os teus desígnios, hein? Muitos imaginam candidamente que os males provêm de tua marionete atrabiliária. Mais sandices ele diga, melhor para desvincular as imagens de seu fabricante. És bom em manobras que chamas de “psicossociais”.
Mas, com esta patuscada de contestar urna eletrônica, te arriscas a estragar o resto de consideração que ainda deténs diante de alguns incautos.
O que pretendes? Arruaça, baderna? Programas a comoção social para atacares de mantenedor da lei e da ordem? Queres o país em chamas para justificar a saída da tropa às ruas? Que palhaçada! Que vontade incontida de mando!
Finges nada ter a ver com a tragédia anunciada. Há quem diga que não quebrarás a institucionalidade. Quem não te conhece, que te compre. Abandonarás o vício de vida inteira?
Segura tua alergia à vontade do povo. Contenha teu medo das urnas. Pare de bancar o falso salvador da pátria.
Cuida de tua obrigação. Prepara-te para matar estrangeiro cobiçoso e deixa o povo brasileiro, que te sustenta, escolher seu rumo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário