O verbo blindar nos chegou do alemão “blenden”, através do francês “blinder”. Os ingleses o acolheram como “to blind”. Todos significam a mesma coisa: cegar, ofuscar, embaçar, desbotar. Como as línguas são vivas, blindar gerou também proteger, escudar, defender, revestir, couraçar, tapar. E, numa variante sinistra, tapear, enganar, iludir, ludibriar, entulhar —obstruir.
É no que estão se agarrando os esforçados senadores que defendem Bolsonaro, perdendo todas até agora. E como não perder? Deve ser difícil blindar alguém que, com incrível coerência, cercou-se —subitamente ficou claro— de empresários canastrões, militares suspeitos, juízes oportunistas, ministros das sombras, intermediários de mutretas e agentes de propina, sem falar nos valentões da internet e militantes do ódio, todos deixando suas digitais em tudo que tocam. Como blindar Bolsonaro se os discursos que proferem são desmentidos pelos vídeos e áudios mais comprometedores gravados pela turma do patrão?
A avalanche de suspeitas e denúncias de corrupção só começou. Em breve, não haverá blindagem que chegue, e os aliados de hoje cairão fora para salvar a vida.
Só será triste se, um dia, Bolsonaro for levado aos tribunais apenas como ladrão —não como genocida.
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