sexta-feira, 12 de junho de 2020

Bolsonaro pratica e incita pessoas ao crime de invadir hospitais

Invasão de hospitais é crime. Na sua live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro incitou as pessoas a “darem um jeito” de entrar nos hospitais de campanha ou públicos para filmar o atendimento de pacientes com Covid-19.

O vídeo da live está na rede social do presidente, para quem quiser conferir.

– Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer, para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não – disse o presidente. O Brasil registra mais de 41 mil mortos até aqui.


O Brasil está anestesiado pelas atrocidades ditas por Bolsonaro. É insano estimular pessoas a invadir hospitais no meio da pandemia. Não se pode entrar nesses ambientes sem autorização, sem as medidas de proteção, em qualquer situação. Antes mesmo da pandemia, já se obrigava que o visitante lavasse as mãos e tomasse todos os cuidados para entrar nos quartos. A sugestão do presidente é que as pessoas entrem nas UTIs.

Não é crível que um presidente cometa um crime desses e fique por isso mesmo. O país perdeu a noção do absurdo. Bolsonaro está estimulando que pessoas aumentem a propagação da pandemia. O invasor pode se contaminar e depois espalhar o vírus. É um desrespeito também aos médicos, enfermeiros, técnicos e outros funcionários do hospital. São profissionais que estão tomando todo o cuidado e participando dessa luta para salvar os pacientes. Eles correm riscos no dia a dia do trabalho. Alguns desses soldados morreram na frente de batalha contra a pandemia.

O presidente errou desde o início, quando desdenhou e negou a pandemia, comportamento que mantém até hoje. Bolsonaro usou todas as armas que tinha para pressionar governadores e prefeitos. Agora, próximo à data do Dia dos Namorados, parte das cidades reabriu o comércio. Em São Paulo, havia aglomeração nas lojas da 25 de Março. O Brasil se arrisca a viver uma segunda onda da pandemia sem ter debelado a primeira. Os países que reabriram a economia o fizeram após a curva de infectados diminuir. No caso dos grandes centros, há o risco de os compradores levarem o vírus para o interior do país, onde revendem as mercadorias que compraram em São Paulo.

O perigo é grande. Nesta sexta-feira, o Brasil deve se tornar o segundo maior em número de mortes, só atrás dos EUA. Há um mês, um economista me alertou para a situação, de acordo com suas projeções isso iria acontecer. O Brasil era o sexto pior cenário naquela época, agora chega ao segundo. 

Até as autoridades locais, que estavam acertando, começaram a errar. Prefeitos e governadores estão reabrindo de forma precipitada a economia enquanto a curva da epidemia ainda avança. Eles precisam retomar a sensatez que tiveram no primeiro momento. Governadores e prefeitos não devem se deixar pressionar por fatores econômicos nem pela pressão do presidente da República. Eles estão contribuindo para o risco dessa segunda onda do vírus antes sequer de controlar a primeira.

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