Agora, perante a esperança crescente de que, dentro de pouco tempo, a coisas voltarão a ser como antes, Gates replica: Infelizmente isso não vai acontecer.” Nas notas que divulga regularmente no seu blog, citado pelo The Washington Post, Gates começa por considerar perfeitamente compreensível que a conversa nacional (mundial…) esteja a condensar-se numa única pergunta: “Quando podemos voltar ao normal?”. Mas, sublinha, a paralisação causou uma dor incomensurável em empregos perdidos, pessoas isoladas e agravando a desigualdade. “As pessoas estão prontas para seguir em frente.”
Só que, segue o filantropo num registo muito próprio, por mais que tenhamos a vontade, não temos o caminho – ainda não. “Antes que os Estados Unidos e outros países possam voltar aos negócios e à vida como de costume, precisaremos de novas ferramentas inovadoras que nos ajudem a detectar, tratar e prevenir a Covid-19″, lê-se naquela publicação.
E Gates passa a explicar. “Começa com o teste. Não podemos derrotar um inimigo se não soubermos onde ele está. Para reabrir a economia, precisamos testar pessoas suficientes para detetar rapidamente pontos de acesso emergentes e intervir cedo. Não queremos esperar até que os hospitais comecem a encher e mais pessoas morram.”
O que nos pode dar a inovação
Mas há mais: “A inovação pode ajudar-nos também a melhorar os números. Os atuais testes de coronavírus exigem que os profissionais de saúde realizem zaragatoas nasais, o que significa que precisam trocar de equipamento de proteção antes de cada teste. Mas a nossa fundação apoiou também pesquisas a fundamentar que cada um possa fazer a sua autoanálise com cotonetes estéreis próprios para a coleta de exames microbiológicos. Trata-se de uma abordagem bem mais rápida e segura – pois é feita em casa e não exige que as pessoas corram riscos em contactos adicionais.”
Cada mês a mais que precisarmos para produzir uma vacina é mais um mês em que a economia não pode voltar completamente ao normal
Explica Gates que este teste de diagnóstico agora em desenvolvimento funcionaria como um teste de gravidez em casa. É só esfregar o nariz, mas, em vez de enviar o tal cotonete para um centro de análise, só tem de o colocar num líquido. Depois, despeja-se esse líquido numa tira de papel. Se esta mudar de cor é porque o vírus está presente. E, o melhor de tudo, um teste destes pode estar disponível em apenas alguns meses.
Não é, ainda assim, o único avanço necessário em termos de testes. Faltam ainda, segue Gates na sua análise, padrões consistentes sobre quem pode – e deve! – ser testado. “Se não testarmos as pessoas certas (trabalhadores de áreas essenciais, pessoas sintomáticas e outras que entraram em contato com alguém que deu positivo) estaremos a desperdiçar um recurso precioso”.
Há também uma outra área em que a inovação pode fazer a diferença. Diz o magnata que faz falta ainda um rastreio correto ao quem esteve em contacto com alguém infetado. Por enquanto, sublinha, bem podemos continuar a questionar todos os que testarem positivos e usar um banco de dados para acompanhamento. Mas, insiste, é uma abordagem longe de ser perfeita. “Ficamos dependentes de a pessoa infetada relatar os seus contactos com precisão e exige muitos funcionários para acompanhar aquela rede.” Neste caso, reforça Gates, seria muito melhor conseguir uma ampla e voluntária de ferramentas digitais – recorrendo a apps que nos ajudariam a recordar todos os locais onde estivemos e partilhar essa informação com quem estiver a acompanhar todos os nossos contactos.
Esta é, naturalmente, a questão maior. Quem tem um resultado positivo o que quer saber, na hora, são as opções de tratamento. E isso, sublinha Bill Gates, ainda não há. Para já, reconhece, e apesar das suspeitas, está a ser dada alguma atenção à hidroxicloroquina, que funciona alterando a maneira como o corpo humano reage a um vírus. “A nossa fundação está a financiar um ensaio clínico que indicará se funciona para a Covid-19, embora pareça já claro que os seus benefícios serão modestos, na melhor das hipóteses.”
Mas há vários candidatos mais promissores no horizonte, segue um Gates bem mais otimista. “Um envolve a coleta de sangue de pacientes que se recuperaram da Covid-19, dando o seu plasma (e os anticorpos que ele contém) a pessoas doentes. Várias grandes empresas estão trabalhando juntas para verificar se isso é bem-sucedido.”
O outro tipo de candidato a medicamento, lê-se na prosa do filantropo, envolve a identificação dos anticorpos que são mais eficazes contra o novo coronavírus e o seu fabrico em laboratório. “Mas ainda não está claro quantas doses podem ser produzidas; depende de quanto material de anticorpo é necessário por dose. Em 2021, os fabricantes tanto poderão ter de fazer 100 mil tratamentos como muitos milhões.”
Perspetivando o futuro, Gates salienta: “se daqui a um ano pudermos ir a grandes eventos públicos – como jogos ou espetáculos em estádios – é porque a ciência descobriu um tratamento eficaz que faça com que todos se sintam seguros para sair à rua novamente. “Infelizmente, para já é possível que se garanta um bom tratamento, mas não um que garanta que um doente recuperará sem reviravoltas”.
Daí que, continua na sua análise, o grande investimento deve ser feito no desenvolvimento de uma vacina. “Cada mês a mais que precisarmos para produzir uma vacina é mais um mês em que a economia não pode voltar completamente ao normal”, assinala. Daí que, revela, a abordagem que mais o está a entusiasmar é a conhecida como vacina de RNA – tal como a primeira que está a iniciar testes em humanos.
Ao contrário de uma normal vacina contra a gripe ( que contém fragmentos do vírus influenza para que o sistema imunitário possa aprender a atacá-lo), uma vacina de RNA fornece ao corpo o código genético necessário para produzir fragmentos virais por conta própria. Assim, explica, quando o sistema imunitário se depara com esses fragmentos aprende como atacá-los. Essencialmente, resume, uma vacina de RNA transforma o corpo numa unidade própria de fabrico de vacinas.
A rematar, Gates recorda ainda que há um outro acordo muito importante. “Mesmo antes de haver uma vacina segura e eficaz, os governos precisam saber como a distribuir”. Ou seja, os países que financiam, aqueles que acolhem os ensaios clínicos e os mais atingidos vão naturalmente argumentar que devem ter prioridade. “Idealmente, deveria haver um acordo global sobre quem deveria receber a vacina primeiro. Mas, considerando quantos interesses concorrentes, é improvável que isso aconteça. Quem resolver esse problema de forma equitativa terá feito um grande avanço.”
É por tudo isto que Bill Gates considera que esta pandemia – a primeira da modernidade – definirá a nossa era. É que, justifica, há uma grande diferença entre uma guerra mundial e uma pandemia: “toda a humanidade pode trabalhar em conjunto para aprender sobre a doença e desenvolver a capacidade de combatê-la. Com as ferramentas certas em mãos e a implementação inteligente, poderemos declarar o fim desta pandemia – e voltar nossa atenção para como prevenir e conter a próxima.”
Mas há vários candidatos mais promissores no horizonte, segue um Gates bem mais otimista. “Um envolve a coleta de sangue de pacientes que se recuperaram da Covid-19, dando o seu plasma (e os anticorpos que ele contém) a pessoas doentes. Várias grandes empresas estão trabalhando juntas para verificar se isso é bem-sucedido.”
O outro tipo de candidato a medicamento, lê-se na prosa do filantropo, envolve a identificação dos anticorpos que são mais eficazes contra o novo coronavírus e o seu fabrico em laboratório. “Mas ainda não está claro quantas doses podem ser produzidas; depende de quanto material de anticorpo é necessário por dose. Em 2021, os fabricantes tanto poderão ter de fazer 100 mil tratamentos como muitos milhões.”
Perspetivando o futuro, Gates salienta: “se daqui a um ano pudermos ir a grandes eventos públicos – como jogos ou espetáculos em estádios – é porque a ciência descobriu um tratamento eficaz que faça com que todos se sintam seguros para sair à rua novamente. “Infelizmente, para já é possível que se garanta um bom tratamento, mas não um que garanta que um doente recuperará sem reviravoltas”.
Daí que, continua na sua análise, o grande investimento deve ser feito no desenvolvimento de uma vacina. “Cada mês a mais que precisarmos para produzir uma vacina é mais um mês em que a economia não pode voltar completamente ao normal”, assinala. Daí que, revela, a abordagem que mais o está a entusiasmar é a conhecida como vacina de RNA – tal como a primeira que está a iniciar testes em humanos.
Ao contrário de uma normal vacina contra a gripe ( que contém fragmentos do vírus influenza para que o sistema imunitário possa aprender a atacá-lo), uma vacina de RNA fornece ao corpo o código genético necessário para produzir fragmentos virais por conta própria. Assim, explica, quando o sistema imunitário se depara com esses fragmentos aprende como atacá-los. Essencialmente, resume, uma vacina de RNA transforma o corpo numa unidade própria de fabrico de vacinas.
A rematar, Gates recorda ainda que há um outro acordo muito importante. “Mesmo antes de haver uma vacina segura e eficaz, os governos precisam saber como a distribuir”. Ou seja, os países que financiam, aqueles que acolhem os ensaios clínicos e os mais atingidos vão naturalmente argumentar que devem ter prioridade. “Idealmente, deveria haver um acordo global sobre quem deveria receber a vacina primeiro. Mas, considerando quantos interesses concorrentes, é improvável que isso aconteça. Quem resolver esse problema de forma equitativa terá feito um grande avanço.”
É por tudo isto que Bill Gates considera que esta pandemia – a primeira da modernidade – definirá a nossa era. É que, justifica, há uma grande diferença entre uma guerra mundial e uma pandemia: “toda a humanidade pode trabalhar em conjunto para aprender sobre a doença e desenvolver a capacidade de combatê-la. Com as ferramentas certas em mãos e a implementação inteligente, poderemos declarar o fim desta pandemia – e voltar nossa atenção para como prevenir e conter a próxima.”
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