Já ninguém tem dúvidas que a pandemia da Covid-19 é o maior desafio que o mundo já enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial. António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas repetiu-o hoje, reafirmando que a situação pode levar a uma recessão sem paralelo e, por isso, exige resposta forte e eficaz.
Ninguém… ou quase ninguém. Enquanto a maioria dos países se fecham em casa, declaram estados de emergência e se concentram na luta contra o Covid-19, há políticos que, ainda assim, fazem exatamente o contrário, recusando a ameaça que se agiganta a cada dia que passa. Trump começou por seguir esse caminho, mas depois emendou a mão, adotando uma estratégia de avanços e recuos na mensagem que faz jus à sua habitual incongruência. É só o Trump a ser o Trump. Mais preocupado com o seu umbigo, a sua imagem e como sai disto tudo do que com a saúde dos americanos (“só quero ser reconhecido”, repetiu várias vezes na conferência de imprensa que assisti há dias numa emissão em direto e que dá vontade de ir às lágrimas).
Mas o campeão da cegueira em tempos de Covid-19 é mesmo Bolsonaro – uma verdadeira besta do obscurantismo. O que tem feito – e não feito – configura um crime de atentado contra a saúde pública, ou mesmo um crime contra a humanidade. O Presidente brasileiro tem sistematicamente ridicularizado o perigo e recusado implementar medidas de controle mais apertadas. O que todos veem como um perigo mortal, Bolsonaro chama de “gripezinha”. Coisa pouca, que não o deitará a ele abaixo – e é este o exemplo que dá aos brasileiros. Só falta chamar-se mariquinhas. Este fim de semana passeou-se por Brasília aconselhando as pessoas a voltarem à sua vida normal, indo contra os conselhos do seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
A coisa é de tal forma negligente que são as próprias redes sociais Twiter, Facebook e Instagram a filtrarem e apagarem os seus posts, por os considerarem capazes de criar desinformação que pode causar danos reais às pessoas perante um cenário generalizado de pandemia. Redes sociais mais zelosas pelo bem-estar das populações do que o Presidente de uma nação com 209 milhões de habitantes – acredita-se nisto?
Idiotas idênticos só mesmo outros dois senhores no poder, ambos aparentemente com o mesmo nível de bestialidade. Aleksander Lukashenko, líder da Bielorrússia, que desvaloriza a gravidade da Covid-19, e sugere muita sauna porque, segundo ele, o calor mata o bicho, e vodka com fartura, que é a “cura para tudo”. Ou Nicolás Maduro, que também recomendou uma bebida caseira para ajudar a acabar o coronavírus, e que também viu o seu post apagado no Twitter.
O que seria de nós, portugueses, se tivéssemos António Costa a recomendar-nos praia e vinho tinto?
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