O otimismo que já ficara escasso no mercado piorou nas últimas 24 horas com o alarme da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o coronavírus. À noite, o Congresso agravou o pessimismo ao derrubar o veto presidencial ao pagamento dobrado do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que pode provocar um rombo de R$ 20 bilhões nas contas públicas em 2021 e comprometer o teto de gastos.
A derrubada de veto que não estava no raio de visão geral pode sinalizar uma disposição do Legislativo de atuar com independência, indiferente à retórica presidencial.
Fato é que Guedes pediu reunião de emergência com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, levando o colega da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para mostrar que a decisão afeta também o combate ao coronavírus.
A pressão que começa a surgir por aumento dos gastos públicos é o primeiro passo para contestar a política liberal do ministro Paulo Guedes, cuja liderança econômica parece bastante abalada. O governo, segundo especulações, está em busca de algum mecanismo de reanimação da economia.
Economistas de diferentes vertentes, inclusive liberais, já clamam por maior flexibilidade no teto de gastos para destravar investimentos públicos e movimentar a economia para fazer frente ao provável cenário recessivo global.
O certo é que o curto prazo se impôs às reformas estruturais, cujo timing o governo perdeu e muitos acreditam que por omissão deliberada do presidente da República. Seria o caso da reforma administrativa, cuja demora no envio contradiz o discurso de sua importância sustentado pelo ministro da Economia.
As propostas que alteram o pacto federativo foram pouco discutidas, e tampouco o governo fez questão de acelerá-las. Ao contrário, a aposta do presidente Jair Bolsonaro em uma estratégia plebiscitária, convocando militantes às ruas contra o Congresso, realimentou o confronto e retarda o processo político
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