É normal que líderes de nações amigas troquem gentilezas em público. Bolsonaro foi muito além do protocolo. Disse que sua admiração pelos EUA aumentou depois da eleição de Trump. Imitou chavões do anfitrião, que costuma acusar os críticos de difundir “fake news”. Depois afirmou que acredita “piamente” na reeleição do republicano.
“Obrigado. Eu concordo!”, gracejou Trump. A declaração pode causar problemas ao Brasil se o Partido Democrata voltar ao poder em 2020.
Na véspera, Bolsonaro escolheu a Fox News para uma entrevista exclusiva. Apesar da proximidade com o governo local, a emissora não poupou o convidado. “Nunca ninguém emulou tanto o presidente Trump como o presidente do Brasil”, resumiu. O brasileiro foi apresentado como um político de “extrema direita”, que manteria “intensas relações familiares com policiais corruptos e gangues paramilitares”.
Para afagar o aliado, Bolsonaro elogiou a ideia de erguer um muro na fonteira com o México. Depois afirmou que “a grande maioria” dos imigrantes “não tem boas intenções nem quer fazer bem ao povo americano”. Ontem ele tentou corrigir a frase, que ofendeu milhares de brasileiros. “Peço desculpas aí”, disse.
O presidente voltou a apequenar o Itamaraty na visita. Ele levou o filho Eduardo para a conversa com Trump no Salão Oval, enquanto o ministro Ernesto Araújo ficou do lado de fora. A escolha reforçou a ideia de que o Brasil tem um chanceler decorativo. Quem manda na diplomacia é o Zero Três.
No front comercial, Bolsonaro trocou vantagens concretas por promessas que podem ou não se realizar. Ele abriu mão de benefícios na OMC, retirou os impostos da importação de trigo americano e liberou o lançamento de foguetes na Base de Alcântara. “Economizaremos muito dinheiro”, festejou Trump, enquanto o brasileiro sorria a seu lado.
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