Quando compôs a trilha sonora do documentário “Jango”, dirigido por Silvio Tendler com roteiro de Cláudio Bojunga, o pianista Wagner Tiso mostrou a música-tema ao seu amigo e parceiro Milton Nascimento, que ficou tão encantado que resolveu escrever uma letra para a belíssima canção. Nascia, assim, uma obra extraordinária que passou a se chamar “Coração de Estudante” e acabou virando slogan do movimento das diretas já.
A letra de Milton é belíssima e verdadeira, especialmente na parte em que se refere a “renova-se a esperança”. Em toda eleição presidencial é sempre assim. Não importa o valor dos candidatos, seus objetivos e qualificações, há sempre uma esperança de que as coisas possam melhorar.
Esse sentimento é tão forte que ocorreu até no regime militar, quando não havia eleições. Sempre que mudava o general-presidente, surgia a esperança de dias melhores. Aconteceu com mais intensidade quando houve eleições internas nas Forças Armadas, com cerca de 240 oficiais-generais escolhendo o candidato preferido para suceder Costa e Silva (ou a “troika” que assumira no lugar dele).
O general nacionalista Afonso Albuquerque Lima, que se demitira do Ministério do Interior e abrira dissidência, foi o vencedor desta eleição do oficialato, mas não levou, porque era general de três estrelas. Se ele tivesse sido o presidente, o Brasil hoje seria outro.
Repetiu-se, assim, o que ocorrera em 1945. Naquela época, se Vargas tivesse lançado Oswaldo Aranha, ao invés do general Eurico Dutra, o Brasil também teria sido outro.
Agora, mais uma vez, renova-se a esperança. As pessoas se animam com as candidaturas, acham que as coisas podem melhorar. Mas talvez isso não seja possível. O mal que Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula da Silva e Dilma Rousseff fizeram ao país foi tão profundo que será muito difícil consertar a médio prazo, não importa quem vença a eleição.
É triste lembrar que após o governo renovador de Itamar Franco, o Brasil tinha tudo para deslanchar, mas aconteceu o contrário – os Três Patetas (FHC, Lula e Dilma) deixaram a dívida pública se multiplicar desmesuradamente e o país se tornou refém dos “investidores”, que deveriam ser chamados de “exploradores” ou “aproveitadores”.
Cada um a seu jeito, os Três Patetas incharam a máquina pública e permitiram que Estados e municípios fizessem o mesmo, tudo sem base sólida, à custa de endividamento.
Hoje, os brasileiros trabalham para rolar (não é pagar…) a dívida interna e sustentar a máquina pública e sua orgulhosa nomenklatura, beneficiada por penduricalhos e mordomias de toda sorte. Não há investimento, apenas custeio. O único setor que cresce é a agricultura, porque não depende diretamente do governo, que só faz atrapalhar.
É um país endividado, mas que teve dinheiro para construir em Cuba um dos mais modernos portos do mundo e que financiou obras em muitos outros países, todas elas sem a menor garantia de pagamento, e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, continua solto, nem processado está.
Além disso, um país que não tem mais plano de carreira no serviço público, em muitas funções o concursado já entra recebendo o teto da função, embora nada – nada, mesmo – funcione adequadamente na máquina estatal.
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