Fantástica a trama, denunciada em 2001, revivida agora em 2018. Mais uma etapa da série que parece interminável, sobre as ações que têm origem no suborno, passam pelo assalto ao dinheiro público e alcançam em cheio a sociedade brasileira.
No maremoto dessa corrupção encontram-se invariavelmente administradores públicos, políticos dos mais altos escalões, além de pessoas jurídicas do sistema bancário. Sim, porque sem os bancos seriam impossíveis as remessas de dinheiro para o exterior. Basta ver o exemplo de Geddel Vieira Lima que transformou um apartamento em Salvador em verdadeiro museu em 51 milhões de reais.
Os efeitos sociais do produto da corrupção são enormes, todos recaindo contra os trabalhadores e trabalhadoras que enfrentam enormes dificuldades para exercer seu simples direito de existir dignamente. Pagam impostos e não recebem em troca serviços de saúde adequados, segurança pública, educação e saneamento.
Em matéria de segurança, o Rio de Janeiro é um dos exemplos mais marcantes de uma tragédia em capítulos diários. E o que dizer dos serviços de saúde? Quantas pessoas morrem diariamente em face da inexistência de recursos para o setor essencial que limita a própria vida humana.
É indispensável fazer-se o cálculo que estou propondo ao IBGE e a Fundação Getúlio Vargas. Tal pesquisa deve ser iniciada a partir de Brasília, motor maior que impulsiona um sistema amplamente corrupto e cujo desfecho está no bolso das classes assalariadas.
Quanto custa a corrupção repetida? Bilhões e bilhões de reais que circulam dentro do círculo em que se situa o Produto Interno Bruto do país, hoje na escala de 6,6 trilhões de reais. Os efeitos da corrupção estão também embutidos na dívida líquida do Brasil, de 3,7 trilhões de reais. Somando-se mais um trilhão chega-se à dívida interna bruta, aquela que é lastreada pela colocação no mercado de notas do Tesouro Nacional.
A pergunta objetiva que se deve revelar, tarefa do IBGE e da FGV, é em que montante o produto da corrupção situa-se no PIB do país. A parcela não será pequena, sobretudo levando-se em conta sua imensa acumulação através do tempo. Porém, para facilitar a tarefa, proponho que o produto da corrupção seja estimado a partir de 2003 para 2018. O resultado levará a um abismo financeiro.
Um abismo que terá de ser transposto da realidade de hoje para as urnas de outubro.
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