sábado, 6 de janeiro de 2018

Temer, um governo sem critério para escolher ministros

 A essa altura você também deve estar se perguntando: que bagunça é essa, gente? Que país é esse? Ai, eu respondo: é a nossa republiqueta de bananas, conforme-se. Primeiro foi a nomeação do ministro das Cidades, o deputado Alexandre Baldy, de Goiás, envolvido com o bicheiro Carlinhos Cachoeiro, a quem o contraventor chamava de “Menino de ouro”. Agora é a deputada Cristiane Brasil no ministério do Trabalho. Ela é filha do delator Roberto Jefferson, ex-presidiário, que ajudou afundar o PT ao denunciar a cúpula do mensalão. Não seria exagero dizer aqui que a republiqueta também é a Casa de Noca.

É triste, mas é a realidade: o padrão Temer de qualidade só é comparado ao de Dilma, a presidente lunática. Não se exige de seus ministros para nomeá-los nenhuma qualificação profissional. Basta apenas que ele seja de um partido aliado e fiel ao governo. A senhora que hoje chega ao ministério do Trabalho está envolvida na Lava Jato e na podridão dos irmãos Batista, da JBS. Quanto ao pai, dispensam-se comentários. Ao se emocionar com a nomeação da filha, Roberto Jefferson disse que o ato de Temer limpa o nome da família, como se isso apagasse da memória dos brasileiros todo os seus malfeitos ao longo da sua carreira política.

O Palácio do Planalto deixou de ser o local de despacho do presidente para se transformar numa casa de reeducandos. Lá dentro já estão Moreira Franco e Eliseu Padilha, dois ministros da cozinha de Temer envolvidos na Lava Jato. O próprio presidente já responde por crimes de corrupção. Portanto, encher os ministérios de gente envolvida em corrupção parece ser uma coisa muito natural desse governo.


Como um déspota, do alto da poltrona, Temer decide o que é bom para o país ou para si próprio. Bastou a economia apresentar sinal de sobrevivência para ele agir como um chefete de uma republiqueta. Já tentou, com uma canetada, mudar a legislação do trabalho escravo no Brasil, liberar uma área de preservação ambiental na Amazônia para mineração, ajudar amigos presos com indulto natalino e continua, desavergonhadamente, liberando bilhões de reais em emendas para se sustentar no cargo ou aprovar as suas reformas.

Como se não existissem outros poderes da república, Temer age ignorando as leis. Por isso, suas ações descabidas e sem respaldo constitucional têm sido derrubadas no Supremo Tribunal Federal. É lamentável, pois como ex-deputado e jurista ele deveria respeitar a constituição pela experiência no parlamento, onde foi três vezes presidente da Câmara, e como professor de direito constitucional. Mas na presidência tem deixado que assessores despreparados governem por ele, daí as aberrações que chegam ao Congresso Nacional em forma de Medida Provisória e as mudanças das leis por decreto presidencial.

Na verdade, o país está acéfalo, o poder caiu nas mãos de pessoas incapazes e despreparadas para os cargos que ocupam. Veja: Moreira Franco, até a ascensão de Temer, era empregado do PMDB. Vivia às custas do partido, a exemplo de outros ex-parlamentares desempregados. Eliseu Padilha quando perdeu o mandato de deputado também se ancorou nos penduricalhos do partido como dirigente da Fundação Ulysses Guimarães. Como se vê, nenhuma dessas pessoas seria aproveitada em uma empresa privada. Portanto, a saída para a sobrevivência é a de se agrupar dentro de um partido político de onde tiram seu sustento às custas do contribuinte.

Não se esqueça, o presidente Temer é uma invenção do Lula. Partiu dele a ideia de grudá-lo na Dilma por duas razões: precisava de um partido com estrutura para se coligar com o seu e de um politico experiente para monitorar a sua candidata na presidência. Viu-se, depois, traído e o poder escorregar pelos dedos.

Na surdina, Lula quer reeditar essa aliança nos estados com o hoje MDB de Michel Temer nas eleições deste ano, por isso orientou que seus militantes tratem o governo Temer com parcimônia, fazendo uma oposição moderada para não sucumbir nas urnas este ano. Como se vê, mais uma vez o PT pensa primeiramente nos seus interesses fisiológicos. O povo, a quem ele dizia estar aliado, que se lixe.

É lamentável, mas verdadeiro: ainda estamos convivendo com essa herança maldita do PT que pretende voltar ao poder a todo custo. Só nos resta, portanto, rezar muito em 2018.

Jorge Oliveira

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