Cada município tem assim uma perda por mandato de cerca de R$ 3 milhões.
Essa montanha de dinheiro pode ser, segundo uma avaliação menos conservadora, até três vezes superior, passando de R$ 10 bilhões por mandato. Apenas em Minas Gerais.
Esse batalhão de gente à toa, de regra, é inevitável para “quitação” de apoios eleitorais, que são pagos com recursos públicos subtraídos da saúde, educação e assistência social.
Os recursos existem sem aumentar impostos, mas o grave é que são desviados.
Resolver o problema: cada um cumprir com o dever de casa.
A equação é tão simples quanto impossível no Brasil em vista dos vícios do sistema político-eleitoral e da indigência moral em geral.
Não paira dúvida de que investimentos de alcance difuso em benefícios da população são surrupiados para quitar a fatura eleitoral, grande pecado original que deixa de “rabo preso” os vencedores. Aí sem moral a coisa se generaliza, descarrilhando em mensalões e quadrilhões.
Embora haja exceções, a vergonha encobre quase tudo.
Encontram-se multidões de prefeitos peregrinando em corredores do Estado, da União, de gabinetes de deputados à procura de verbas para sustentar as contas municipais, quando, para muitos deles, ficar no município arrumando a casa seria de maior valia, com resultados imediatos.
Os R$ 750 mil por prefeitura, em média, pagos por ano em manutenção de cabides de emprego, seriam suficientes para zerar a fila de cirurgias, de 200 mil, que se alonga em sofrimentos e até mortes de inocentes. Esse laço de causalidade, não enxergado, é real, e pecaminoso.
Apesar das dificuldades nacionais, a moralização do uso dos recursos públicos é a solução mais rápida e imediata, ao alcance da mão dos bem-intencionados.
Outra praga que se abate sobre o povo vem da burocracia, irmã siamesa da corrupção.
A caterva de normas de nosso ordenamento jurídico, sua indecente sofisticação, é um insulto à inteligência, e um grave obstáculo, na contramão de tudo aquilo que vem dando certo pelo mundo afora.
Quanto mais burocrático é o ordenamento (caos), supostamente em defesa do bem comum, mais abertura se concede à burocracia. Gerou-se no Brasil um emaranhado perverso de leis contraditórias que leva ao pagamento de vantagens e de propinas.
Nos últimos 20 anos o Brasil, alardeando modernização e outras balelas, se transformou no país mais burocrático e corrupto do planeta. Engavetou milhões de empregos, que aguardam um carimbo de poderosos burocratas, que costumam em muitos casos esfolar quem quer produzir e gerar oportunidades, empregos, receitas públicas e desenvolvimento.
O PIB brasileiro ficou 15% em três anos e meio; Minas Gerais, cerca de 18% no mesmo período. Passamos de 13 milhões de desempregados desesperados.
Ainda das centenas de bilhões drenados pela corrupção se recuperou uma parte ínfima; os acordos de leniência com os bandidos, além de lhes garantir sobrevida e passaporte para voltar a arrombar o país, são insignificantes. Num país civilizado estariam impedidos por cem anos de continuar nas atividades econômicas em solo nacional. Seus bens seriam confiscados e leiloados.
Tirar a burocracia e a corrupção, praticadas na forma mais ardilosa e sofisticada, bastaria para produzir um portentoso e imediato desenvolvimento sem recorrer a qualquer medida mais ousada ou mirabolante ditada por um banqueiro.
Deixar a economia e o mercado em paz.
Em Betim, a prefeitura, endividada e arrebentada, zerou seus cabides de emprego, podou a burocracia, castigou e aniquilou as origens da corrupção. Obrou para apoiar os pedidos de novas atividades e, em apenas sete meses, deu sinais de resultados retumbantes.
Em agosto o Caged, do Ministério do Trabalho, divulgou uma saldo positivo de 688 empregos gerados no município. Já em setembro Betim aumentou e chegou a ser o município – na contramão do aumento do desemprego na região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais) – que registrou saldo negativo de 9.000 empregos. Betim teve saldo positivo de 769 empregos, deixando atrás o município de São Paulo, com 732, seguido de Guarulhos, com 704, e Santo André, com 540.
Proporcionalmente, Betim, com seus 430 mil habitantes, gerou 24 vezes mais empregos que o segundo colocado, o maior município do país, e registrou um aumento de 266% na geração de empregos em relação a setembro de 2016.
A fórmula mágica está aí. Apagar o inferno da burocracia mais corrupção, sem sofisticadas medidas. Isso se aplica às economias civilizadas mais modernas e dá certo em qualquer governo, nacional, estadual ou municipal.
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