domingo, 29 de outubro de 2017

A fórmula da simplicidade

Se multiplicarmos 853 (municípios de Minas) por 40 cargos, “cabides de emprego”, em média, por cada prefeitura, número que pode ser subestimado, teremos 34.120 salários inúteis pagos com recursos públicos. Quer dizer que, com um desembolso médio unitário de R$ 1.500, multiplicado por 12 meses mais um mês de 13º, chega-se a encontrar um rombo de R$ 665 milhões a cada ano, ou R$ 2,6 bilhões por mandato.

Cada município tem assim uma perda por mandato de cerca de R$ 3 milhões.

Essa montanha de dinheiro pode ser, segundo uma avaliação menos conservadora, até três vezes superior, passando de R$ 10 bilhões por mandato. Apenas em Minas Gerais.

Esse batalhão de gente à toa, de regra, é inevitável para “quitação” de apoios eleitorais, que são pagos com recursos públicos subtraídos da saúde, educação e assistência social.

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Também se o governo do Estado cumprisse com metade de sua responsabilidade de repasses de saúde pública, que a cada ano descumpre com maior gravidade, Minas Gerais seria exemplo de saúde para o mundo.

Os recursos existem sem aumentar impostos, mas o grave é que são desviados.

Resolver o problema: cada um cumprir com o dever de casa.

A equação é tão simples quanto impossível no Brasil em vista dos vícios do sistema político-eleitoral e da indigência moral em geral.

Não paira dúvida de que investimentos de alcance difuso em benefícios da população são surrupiados para quitar a fatura eleitoral, grande pecado original que deixa de “rabo preso” os vencedores. Aí sem moral a coisa se generaliza, descarrilhando em mensalões e quadrilhões.

Embora haja exceções, a vergonha encobre quase tudo.

Encontram-se multidões de prefeitos peregrinando em corredores do Estado, da União, de gabinetes de deputados à procura de verbas para sustentar as contas municipais, quando, para muitos deles, ficar no município arrumando a casa seria de maior valia, com resultados imediatos.

Os R$ 750 mil por prefeitura, em média, pagos por ano em manutenção de cabides de emprego, seriam suficientes para zerar a fila de cirurgias, de 200 mil, que se alonga em sofrimentos e até mortes de inocentes. Esse laço de causalidade, não enxergado, é real, e pecaminoso.

Apesar das dificuldades nacionais, a moralização do uso dos recursos públicos é a solução mais rápida e imediata, ao alcance da mão dos bem-intencionados.

Outra praga que se abate sobre o povo vem da burocracia, irmã siamesa da corrupção.

A caterva de normas de nosso ordenamento jurídico, sua indecente sofisticação, é um insulto à inteligência, e um grave obstáculo, na contramão de tudo aquilo que vem dando certo pelo mundo afora.

Quanto mais burocrático é o ordenamento (caos), supostamente em defesa do bem comum, mais abertura se concede à burocracia. Gerou-se no Brasil um emaranhado perverso de leis contraditórias que leva ao pagamento de vantagens e de propinas.

Nos últimos 20 anos o Brasil, alardeando modernização e outras balelas, se transformou no país mais burocrático e corrupto do planeta. Engavetou milhões de empregos, que aguardam um carimbo de poderosos burocratas, que costumam em muitos casos esfolar quem quer produzir e gerar oportunidades, empregos, receitas públicas e desenvolvimento.

O PIB brasileiro ficou 15% em três anos e meio; Minas Gerais, cerca de 18% no mesmo período. Passamos de 13 milhões de desempregados desesperados.

Ainda das centenas de bilhões drenados pela corrupção se recuperou uma parte ínfima; os acordos de leniência com os bandidos, além de lhes garantir sobrevida e passaporte para voltar a arrombar o país, são insignificantes. Num país civilizado estariam impedidos por cem anos de continuar nas atividades econômicas em solo nacional. Seus bens seriam confiscados e leiloados.

Tirar a burocracia e a corrupção, praticadas na forma mais ardilosa e sofisticada, bastaria para produzir um portentoso e imediato desenvolvimento sem recorrer a qualquer medida mais ousada ou mirabolante ditada por um banqueiro.

Deixar a economia e o mercado em paz.

Em Betim, a prefeitura, endividada e arrebentada, zerou seus cabides de emprego, podou a burocracia, castigou e aniquilou as origens da corrupção. Obrou para apoiar os pedidos de novas atividades e, em apenas sete meses, deu sinais de resultados retumbantes.

Em agosto o Caged, do Ministério do Trabalho, divulgou uma saldo positivo de 688 empregos gerados no município. Já em setembro Betim aumentou e chegou a ser o município – na contramão do aumento do desemprego na região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais) – que registrou saldo negativo de 9.000 empregos. Betim teve saldo positivo de 769 empregos, deixando atrás o município de São Paulo, com 732, seguido de Guarulhos, com 704, e Santo André, com 540.

Proporcionalmente, Betim, com seus 430 mil habitantes, gerou 24 vezes mais empregos que o segundo colocado, o maior município do país, e registrou um aumento de 266% na geração de empregos em relação a setembro de 2016.

A fórmula mágica está aí. Apagar o inferno da burocracia mais corrupção, sem sofisticadas medidas. Isso se aplica às economias civilizadas mais modernas e dá certo em qualquer governo, nacional, estadual ou municipal.

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