O que explica o racha nas elites? A resposta é complexa. Não dá para esgotar o tema em um simples artigo. Conjunturalmente, parte da mídia se associa a um viés mais pronunciado em favor do ativismo judicial. Gosta de iniciativas como condução coercitiva, longas prisões temporárias, acordos de delação com validade de prova inconteste, entre outras. E apoia, também inconteste,o ativismo fundamentalista da República de Curitiba, muitas vezes sem refletir sobre seus exageros.
Setores minoritários mas importantes da mídia trafegam na linha mais garantista. Um exemplo perfeito e acabado dessa posição se viu no editorial d’O Estado de S. Paulo que tachou de inepta a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer. A Folha, como sempre, diversa, apresenta os contra e os favor. Mas os sites de ambos (G1 e Uol) trabalham na linha das manchetes escandalosas que podem acordar o internauta em meio à inundação provocada pelo excesso de informações.
Não cabe aqui fazer um juízo de valor sobre quem tem razão. Mas é certo dizer que a precisão da informação fica em risco quando o noticiário toma um lado que não é, necessariamente, o lado da verdade dos fatos.
Existe ainda outra hipótese para o racha: como a mídia se envolveu na campanha pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, alguns veículos carregam a pecha de golpistas. Então não poderia ser diferente com Temer, desde que exista um motivo. O problema é que uns veem esse motivo; outros, nem tanto.
Para onde vamos? É um prognóstico difícil. Poucos políticos e poucos governos resistem a uma desconstrução diária na mídia eletrônica. Todos os dias o governo Temer é “espancado” em horário nobre. Para quem não se interessa por detalhes, a mera exposição negativa já é uma tragédia.
Sem fatos novos as elites vão continuar divididas, tal como revelado nas avaliações reproduzidas pela TV Globo e pelo Estadão. Apenas fatos novos poderiam promover a unificação das narrativas, contra ou a favor de Temer. Quais seriam os fatos novos? Basicamente, evidências que comprovassem que as suspeitas e as ilações de Rodrigo Janot são verdadeiras ou falsas. Até lá, ficamos no limbo.
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