María Félix Nava, em sua casa do Tlaquepaque (Jalisco) |
“Disseram-me que esse era o limite”, afirma, com certa resignação e uma voz vigorosa para sua avançada idade. O banco se justifica citando uma falha de programação no sistema informático que emite novos cartões. “Não estava programado para conceder cartões a maiores de 110 anos. Era a primeira vez que uma pessoa tão idosa o solicitava”, diz Francisco Cabellero, chefe de Comunicação Social do Citibanamex. “O sistema já foi corrigido e reprogramado, e a idade agora é ilimitada”, acrescentou. Mesmo que por questões informáticas – e não por vontade do banco, como faz questão de reiterar a instituição –, essa barreira violava a Constituição mexicana, que proíbe “toda discriminação motivada por (...) idade (...) ou qualquer outra que atente contra a dignidade humana e tenha por objetivo anular ou menosprezar os direitos e liberdades das pessoas”.
O caso chegou, quase três meses depois, aos ouvidos do Governo de Jalisco. “Ficamos sabendo pela imprensa local”, diz Castro. “Emitimos um cheque nominal a ela e a acompanhamos no processo. Mas o caso é mais um exemplo da burocracia; não só dos bancos, mas também a nossa, das autoridades: há 55 outras pessoas que não puderam receber a ajuda depois da mudança de regra”, relata o responsável por assuntos sociais desse Estado mexicano. “Não deve voltar a ocorrer.”
Aos 116 anos, Félix Nava é a mulher mais idosa de Jalisco. “E acham que uma das mais velhas do México, embora isso ninguém tenha confirmado”, diz sua filha Marina. Até receber o cheque relativo aos três meses atrasados, as duas se viraram com a pensão da filha e com a ajuda de seus netos e bisnetos e de uma associação sem fins lucrativos do Tlaquepaque, na região metropolitana de Guadalajara, onde vivem. Valiam-se também dos poucos pesos que ganham numa improvisada barraca de guloseimas e doces que montam diariamente na porta de casa. “Apesar da idade, ela é completamente independente”, salienta Fernanda, uma amiga da família. E, transtornos burocráticos à parte, Félix Nava parece satisfeita: “Estou bem; só rezo para que tudo continue igual”.
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