segunda-feira, 6 de março de 2017

Continua faltando governança

Pois é. Estamos onde não conseguimos evitar. Faltou determinação, esforço, valores e vontade. Ninguém queria esta situação onde todos perdem. Mas pouco foi feito para preveni-la. E muito foi feito para aqui chegar.

A realidade não perdoa ninguém. Ainda que os culpados sejam identificados e punidos. Ainda que a justiça não tarde e não falte. No evento improvável que quem deve pague. Ainda que tudo isso aconteça rápido e bem, não existem garantiam de que tudo não acontecera novamente. O mais provável é que tudo se repita como capitulo repetitivo de enredo duvidoso.

Olhando para trás, dá para ver a falha monumental dos sistemas de governança dos trópicos. Não foi, certamente, falta de lei. Lei tem de sobra. E segui-la, poderia ter evitado muita coisa.

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Mas tudo falhou. Conselhos de administração não viram. Órgãos de controle não controlaram. Instituições não funcionaram. Toleraram muito e por muito tempo, a teia de conflitos de interesse que levou não somente a corrupção, mas especialmente ao estado de degradação institucional que terminou em total falta de fé ou credibilidade na nossa capacidade de nos governar, na esfera governamental ou corporativa.

Conflitos de interesse, quando tolerados, se transformam me governança falha. Em conselhos e órgãos de controle eternamente complacentes com a frequência dos desvios. A frequência, por sua vez, normaliza comportamentos. E subverte valores e comportamentos tornando conflitos de interesse matéria aceitável contra a qual nada pode ou deve ser feito. Corrupção vira norma. E a norma, cultura.

Procurando lado positivo nisso tudo, alguém poderia dizer que esta é oportunidade para aprender. Mas não parece que seja isto o que esteja acontecendo. Pouco está sendo feito para aprimorar a governança pública e corporativa.

No macro, as instituições não estão melhorando. O funcionamento regular da máquina continua defeituoso, ou melhor, produzindo os defeitos. No micro, não se tem notícia de esforços radicais para a modificação da cultura corporativa, institucional ou governamental. Sem estes esforços, o mais provável é que coisas semelhantes aconteçam no futuro.

Quando a poeira baixar, parece que pouca coisa terá mudado na maneira de conduzir os negócios públicos e privados. Verdadeiro convite a reviver pesadelos. Periódica e certamente.

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