– Sim, senhor. Deixa ver, deixa ver: aparelhos de ar-condicionado, móveis de luxo, celulares, dólares, joias, drogas…
– Peraí, conseguiram as drogas com quem?
– Com o nosso pessoal, né? Também o básico: facas, garfos, colheres, torradeiras, micro-ondas, frigobar, TV…
– De que tipo?
– Daquelas com tela plana e sinal digital.
– Ah, essas vítimas da sociedade! Se justificam dizendo o quê?!
– Dizem que têm o direito de ter.
– Acho que qualquer um vê, né? Essas coisas não entram sem serem notadas.
– Cara, e ainda se queixam…
– Se queixam muito, senhor. Principalmente da opressão. E que não podem dar um passo sem uma câmera de vigilância controlar. E que há muitas regras e horários, a revolta de sempre.
– Nosso homem infiltrado já sabe como melar isso tudo?
– Sim, senhor. Deu todo o serviço. Operação armada.
– Bom, bom. Manda estourar. Pra já.
– Com violência ou sem violência?
– Vai depender deles. Não reagiu, violência moderada, só pra mostrar quem manda. Reagiu, pode aloprar!
– Beleza! E o senhor, senhor, sai aí da cadeia quando?
– Eu? Ah, não f*! Aqui dentro só tem irmão e eu sou topo da cadeia alimentar. Aí fora tu sabe: ninguém tá seguro.
Rubem Penz
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