segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Depois da ceia

Enquanto os últimos traços da ceia de Natal vão vagarosamente desaparecendo enterro dos ossos, já dá para ver 2017 virando a esquina. A gente vai se acostumando com a ideia de que, o ano, finalmente, está no fim.

O ano foi longo. Muito longo. Aconteceu de muito um todo. Até demais. Ano de mudanças. Em casa e fora. Goste-se ou não. Termina apontando o fim de vários passados. E aponta para a ausência de futuros claros.

Em 2016, tudo foi transformação. Mas nada se consolidou ou permitiu apostar em direção. Sentiram-se somente os resultados da entropia emergindo do colapso do velho, reagindo aos fluidos da insatisfação difusão, generalizada.


De certo é que o passado já não satisfazia. Mas ninguém sabe dizer o que se deseja para o futuro. E emergiram os radicais, os populistas, os demagogos. Brandindo receitas simples, fáceis e erradas a serem aplicadas em escala global.

Ao mesmo tempo, faltam ideias que façam sentido. Rejeitar o velho não é suficiente. Precisa inventar o novo. E ai, parece, a humanidade esta empacando. E muito. Não parecem ainda existir boas saídas que enderecem os interesses da multidão de desatendidos pelo passado recente.

Nos trópicos, a situação é ainda mais preocupante. Enquanto digerimos a incerteza global, o país enfrenta os resultados de suas próprias mazelas. Olha relutantemente para o espelho. E tenta não reconhecer o que vê.

É país que resistiu em reconhecer as próprias mazelas. Cobrou com cinismo o sacrifício alheio sem oferecer o próprio. E perdeu tempo. Muito e precioso tempo que não votará. Continuou a combater mudanças necessárias a sua própria sobrevivência futura. Talvez imaginando que o amanha não chegará.

Enquanto a gente se perdeu em dúvidas inexistentes, as oportunidades escorreram por entre os dedos. E os beneficiados pelo passado permaneceram encastelados em suas posições, pintados para a guerra, protegendo milimetricamente seus privilégios. Tomando as instituições como reféns de interesses.

2016 realmente não fez muito sentido. Ainda bem que está no fim. Que 2017 nos traga bom senso. A gente precisa. Muito.

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