Essa violência – sabida, fotografada, filmada e descrita – tem apoio, se não explícito, mas no silêncio, de grande parte população. A turma do “bandido bom é bandido morto” acha que, por lá, a polícia faz o que deve ser feito. Se não era bandido, convivia com a bandidagem. Crime inafiançável, sujeito a pena de morte, no entender desses.
Nos dias de hoje, o pé na porta chegou ao andar de cima da hierarquia social. Não vem fardado de PM, mas com os emblemáticos coletes pretos à prova de balas da PF. Não mete o pé (ainda). Nem chega na tal calada da noite habitual da PM. Vem cedinho, toca a campainha e, se não prontamente atendida, pula portão, entra pela janela. Porta mandatos judiciais, leva sem porrada, mas não dispensa o estardalhaço. Chega chegando e com muitos - policiais, viaturas e imprensa.
Com japonês de tornozeleira (por estripulias anteriores) ou hyspiter, o pé na porta, mais suave, da PF tem aprovação nada silenciosa e, se não majoritária, quase. Afinal, pega, leva e prende gente de uma das nobrezas brasileiras – news e olds lordes da classe política, hoje posta na categoria de demônio nacional.
Tema esse “peraí”. Veja bem como fala, onde fala, com quem fala porque pode render execração pública. Denota rabo preso, petezice aguda, indignidade de quem ta defendendo o seu, foi - e é - conivente com toda essa lambança. Seguro, deve ser um desses parceiros dos corruptos desgraçados, que mais dia, menos dia terá – bem feito! e se Deus quiser! – a PF na sua porta, o xadrez como paisagem. De preferência, sem nem precisar de mandato e em cadeia nacional. É pé na porta mesmo!
Como tenho menos de 100 anos, é a primeira fez que sinto, vejo, ouço e leio o ódio nacional assim ululante e pululante, em turbas reais e virtuais, de punhos fechados, dentes cerrados, olhos injetados, bocas cuspindo fogo, a pedir e permitir tudo – e sem qualquer limite, particularmente os legais - contra os seus odiados.
Debaixo da minha insignificância e munida da minha assim não tão vasta leitura, temo o destemor desse ódio. “Médo” com os climas de Roma incendiada, de fogueiras para queimar bruxas, da guilhotinagem ampla, geral e irrestrita do período de terror da Revolução Francesa, de Hitler a caçar e assar judeus, ciganos e gays, de Stalin a prender e matar contrários – verdadeiros ou supostos. Sem tribunais. Ou com tribunais servis e obedientes.
Todos com apoio, aplausos - e até delírios – populares e a conivência do que hoje seria denominado meios de comunicação que, panfletários, ajudavam a incendiar as massas.
Com poucos onde ainda é possível, sem suspeição ou ameaça de linchamento, manifestar absoluta perplexidade com, por exemplo, chantagens explícitas de um Poder sobre o outro – até com forças-tarefas especialmente nomeadas para a pressão –, além do tradicional a que ponto chegamos, ousamos ainda indagar:como e onde geramos essa sociedade espetaculosa e odienta no vice e no versa?
Qual das nossas nobrezas, saberá puxar a turba para vencer o embate e exercer o comando? (Desde Cabral, uma das nossas nobrezas costuma comer e outra e por aqui ficar até virar rango de novo). Onde isso – de agora - vai parar?
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