Parei para revirar os bolsos da minha própria cidadania. Percebi que graças a votos como esse, centenas de bilhões escoaram pelo ralo da irresponsabilidade fiscal. Outro tanto no petrolão e em obras de estatais. E a cada semana aumenta a lista de crimes e de criminosos nas confissões e delações da Lava Jato e congêneres.
Ele considera seu voto em Dilma mais valioso do que o bem do país, mais significativo do que todos os bilhões roubados. Seu voto paira acima dos sucessivos tombos do PIB e da inflação de dois dígitos. Sacode ombros ante os 11 milhões de desempregados, ante o presente e o futuro sonegado a tantos numa conta sinistra que não para de crescer.
Vá que o moço nunca tenha parado para pensar que presidencialismo sem impeachment é ditadura. Admito que ele ignore isso. Mas como pode considerar que seu voto sozinho arranca da Constituição o preceito do impeachment? Teria sido o caso de Fernando Collor uma pegadinha constitucional, para valer só uma vez?
Meu indignado leitor está irado, também, com algumas indicações políticas feitas por Temer. Nisso estamos de acordo, com duas enormes diferenças.
1a) Eu sempre estive indignado. Nunca chamei nenhum sacripanta de herói do povo brasileiro. Minha indignação moral não é seletiva.
2ª) Sob o governo Temer, uma certeza eu tenho e espero que seja suficientemente majoritária ao término do julgamento em curso no Senado: a área financeira de seu governo não dorme de touca nem faz que não vê quando bilhões somem do erário e das estatais.
Eles não precisam posar de gerentões ou faxineiros para promover a reconstrução que a nação - legítima soberana da democracia - exigiu nas ruas.
Percival Puggina
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