sexta-feira, 13 de maio de 2016

Perdas e danos

Desta vez não foi um circo dos horrores, como a explosão da boçalidade popular da Câmara. Com raras exceções, foi um tedioso comício com quase todos aproveitando cada segundo para se exibirem para seus eleitores, repetindo ad nauseam argumentos que todos já sabem de cor. Foi mais uma, a última, a maior das perdas de Dilma Rousseff.

Quando era jovem e idealista, Dilma acreditava de coração que só um socialismo como o cubano salvaria o Brasil injusto e atrasado. Combatendo nas sombras, arriscando a vida em guerrilhas urbanas, com atentados, expropriações, sabotagens e assassinatos, acreditava que eles seriam capazes de abalar a gigantesca estrutura militar-policial da ditadura e instaurar uma nova ordem.

Dura e mandona, líder de seu grupo, Dilma perdeu. Foi presa, torturada, perdeu três anos de vida por uma crença desmentida pela razão e pelos fatos.

Hoje ela diz que foi vítima de uma injustiça. Em guerra contra o Estado, Dilma perdeu por suas escolhas erradas e teimosas contra todas as evidências, quando a valentia se confunde com a soberba.

Quarenta anos depois de sua prisão, ungida por Lula, o poder lhe caiu nas mãos.

Em 2010, a candidata Dilma declarou que guardava R$ 150 mil em dinheiro vivo em casa. Em seis anos, a inflação criada pelo seu governo roeu uma boa parte de suas economias, e ao mesmo tempo deixou de ganhar um bom rendimento na poupança. Perdeu duas vezes. Por vocação ? Ou metáfora ?


Mentiu, prometeu e gastou o que não tinha para ganhar a eleição. Venceu nas urnas mas perdeu a credibilidade. Rejeitada por 65% da população e pela maioria da Câmara e do Senado, de novo se disse injustiçada. Mas não reconheceu a derrota, nunca assumiu qualquer responsabilidade no assalto da Petrobras para bancar um projeto de poder e nem na crise econômica. Perdeu pelos danos que causou.

Parece estranho, mas Dilma é leitora e admiradora de Nelson Rodrigues, que passou a vida ridicularizando tudo em que ela mais acreditava. Agora lhe resta citá-lo quando disserem que são os fatos que a condenam: Então pior para os fatos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário