O covarde perdeu a linha, deve ter cagado nas calças. Cuspi na sua cara, na cara da mulher dele e ele não reagiu. Covardes fascistas. - arrematou em seguida, demonstrando a costumeira virulência que não é de hoje o caracteriza. Teve mais.
Fujão covarde levou uma cusparada na cara e a mulher levou outra. Fascistas são tratados assim.- exclamou em tom vitorioso, finalmente encerrando uma saraivada de mensagens impossível de não provocar asco em quem possui um mínimo de caráter e equilíbrio emocional.
Pelo pobre diabo que é, já caindo aos pedaços e no entanto sujeito a arroubos típicos de um militante juvenil, José de Abreu não merece ser levado a sério. Assim como grande parte da nossa classe artística, é tão somente um idólatra de bandidos incapaz de disfarçar sua natureza autoritária.
Dito isto, não deixa de ser sintomático que uma das semanas mais importantes em nossa história termine emoldurada por dois episódios tão abjetos, as escarradas de Jean Wyllys em Jair Bolsonaro e esta de Abreu em um casal, primeiro no rosto do rapaz, depois no de sua companheira.
Ambas as situações podem render bons frutos para a sociedade - Wyllys perder seu mandato por falta de decoro, e o rompimento definitivo da auréola protetora que envolve os artistas em geral - mas já estou preocupado com a passada de pano que a mídia com toda sorte dará ao segundo episódio.
Não é de hoje que a imprensa se empenha em botar panos quentes no chamado Fla-Flu, como se paternalizar a população pudesse de alguma forma trazer benefícios ao país, ignorando que o atual momento se deve precisamente à nossa preferencia por evitar assuntos importantes devido as naturais faíscas que estes provocam.
Desta vez não será diferente. A culpa pela cusparada recairá sobre o debate, jamais será atribuída a um sujeito que, insisto, não é de hoje, sem o menor pudor utiliza de seus perfis em redes sociais para agredir de maneira insana.
Defenderão que, enfim, virtual e real são coisas distintas, que pessoas públicas sempre tiveram e continuam tendo o direito de flanar por este país como se não tivessem nada a ver com o que está acontecendo. Que podem ofender, xingar e apregoar todo tipo de baboseira, sem que por este motivo mereçam ser encaradas com menos afeto, tampouco indignação.
A mídia em geral, principalmente os programas de debate na televisão, deveriam preocupar-se, isto sim, em travar um debate menos chapa-branca e mais condizente com o nosso dia a dia, sem se preocupar em ferir suscetibilidades.
Digo, não há sentido em fazer diferente e é até irresponsável propor às pessoas uma falsa imparcialidade quando esta opção se apresenta inviável nas gôndolas dos supermercados. Sem falar na postura intransigente dos defensores do governo. Acaba gerando um desequilíbrio fatal para a discussão.
Indo direto ao ponto, o governo Dilma acabou e o pesadelo do PT apenas começou. É este o motivo de tanto belicismo por parte da esquerda, incluindo aí dirigentes e simpatizantes. Passaram décadas semeando o nós contra eles, e quando finalmente eles decidiram acordar, agora querem melar com o jogo.
De tão desesperados, não bastasse a patética tentativa da futura ex-presidente em propagar um clima de instabilidade institucional, e ameaças toscas como “vai ter luta!” e “vai ter tiro!”, só restou incendiar Roma via cusparadas.
Pois cometerá um grande erro quem apostar em um Brasil de joelhos, tremendo de medo pelo alarido de velhos coiotes aflitos com seca que se anuncia.
Você não é intocável, José de Abreu. Pode babar de raiva, é até compreensível, mas não se considere intocável, intimidador, ou pense que junto de alguns coleguinhas ainda têm o poder de propor lavagem cerebral coletiva. Este tempo já passou.
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