sexta-feira, 4 de março de 2016

É isso um governo?

O sábado é uma ilusão, ensinamento de Nelson Rodrigues que talvez ajude a explicar por que Dilma Rousseff disse no sábado que não governa “só para o PT”, mas para 204 milhões de brasileiros, e na segunda-feira, esvanecidas as ilusões e governando só para o PT como tem sido quando o poste governa, demitiu o ministro da Justiça.

Não que José Eduardo Cardozo ou qualquer outra cabal nulidade dos trinta e tantos ministros façam alguma diferença para os milhões de brasileiros que pagam a conta de a presidente governar só para o PT com ministros situados entre a inépcia e a delinquência, mas a sujeição do Estado às patologias do partido operada mostra, na demissão de Cardozo, que o projeto do regime antes restrito à manutenção do poder passou a configurar-se em vigaríssima trindade: a irrenunciável manutenção do poder, a trama sórdida de inimputabilidade do jeca e as malandragens para salvar o governo ilegal.

Transferido para a Advocacia Geral da União, Cardozo, que sai para dentro, num reforço para defender Dilma que se mostrará ilusório no curso da Lava Jato, caiu não por não tentar melar as investigações – o ex-ministro teve encontros com os advogados dos investigados e com Janot à margem das agendas oficiais de ambos para os quais a decência, essa desconhecida dos petistas e aliados, cobra explicações –, Cardozo foi demitido por Lula pelo fracasso parcial das tentativas.

O jeca acordou invocado na ressaca daquele aniversário micado e decidiu resolver essa história de tríplex e sítio: trocar de ministro. O obscuro Wellington César, trazido por um certo compositor investigado pela Lava Jato, já chega chegando ao governo ilegal: ele próprio é uma ilegalidade já que não pode assumir o cargo por ser membro do Ministério Público. Se menos petista e mais ministro, Jaques Wagner conheceria a lei que barra o fantoche sob encomenda dos interesses espúrios da seita e do caudilho.

É isso um governo? Ou a encenação cruenta, pública, repugnante e ostensiva dos medíocres enlouquecidos na sordidez sem limites? Nessa indiferença implacável com o Brasil de agora e com o das gerações futuras, recursos públicos (humanos e financeiros) e toda a estrutura do Estado são drenados para a sobrevida dos cafajestes obcecados por uma perenidade gozosa. Saberão que já bastou, que não têm o direito de fazer isso com o país que enxergam apenas como uma ilusão que cabe num sábado de quatro mandatos (e mais, se puderem) nefastos.

O comodismo, a desesperança e o salvacionismo são ilusões sabotadoras do sonho dos indignados das quais se nutrem as ilusões de perenidade dessa escória. Dia 13 de março é domingo, é sonho que esvanecerá todas elas.

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