quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Vexame: PT luta para evitar convocação de filho de Lula


É triste constatar a que ponto chegou a política brasileira. A maior prioridade do que restou da chamada base aliada não é mais lutar pelos interesses nacionais – seu principal objetivo hoje é blindar os filhos do ex-presidente Lula, notadamente o caçula Luís Cláudio, e os ex-ministros Gilberto Carvalho, Erenice Guerra, Antonio Palocci e Fernando Pimentel, para impedir que sejam convocados pelas CPIs do Congresso Nacional, em especial a comissão que investiga os escândalos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão de fiscalização financeira do Ministério da Fazenda.

O presidente da comissão, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), disse que vai colocar os requerimentos para votação na reunião desta quinta-feira, mas deve ser derrotado pelo rolo compressor do Planalto. Segundo o jornal Estadão, a estratégia dos governistas, que têm quase a metade dos membros da comissão, é obstruir sessões e apontar ausência de relação entre as denúncias e o alvo das investigações da CPI, que são as fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

Tudo indica que a base aliada conseguirá boicotar a convocação do filho de Lula e dos quatro ex-ministros, que sem a menor dúvida são figuras de destaque da quadrilha que se instalou na cúpula do governo petista. A exemplo do ex-ministro José Dirceu, já condenado e cumprindo pena, também Palocci, Erenice e Pimentel abriram consultorias e se especializaram em tráfico de influência. Somente o ex-ministro Gilberto Carvalho não chegou a este extremo, mas sua participação no mundo dos negócios também é cada vez mais evidente.

Não há como deixar de estabelecer comparação com o governo de Itamar Franco. O chefe da Casa Civil era Henrique Hargreaves, também nascido em Juiz de Fora e um dos mais próximos amigos do presidente. Quando surgiram nos jornais algumas notícias de supostos atos de corrupção envolvendo Hargreaves, Itamar não teve dúvidas e imediatamente o afastou das funções, para que pudesse se defender das acusações e depois voltar ao governo.

Foi exatamente o que aconteceu. Hargreaves conseguiu provar que não tinha envolvimento em irregularidades e Itamar o chamou de volta à Casa Civil. Na época, o episódio mostrava uma animadora evolução da política brasileira, mas essa sensação logo seria desfeita com o governo de Fernando Henrique Cardoso, que possibilitou grandes negociatas no Programa de Desestatização, com seus ministros trafegando “no limite da irresponsabilidade”, conforme a gravação em 1998 da conversa telefônica entre o então diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio, e o ministro das Comunicações, Luis Carlos Mendonça de Barros, quando combinavam a participação dos fundos de pensão de estatais na privatização da Telebrás.

Mais recentemente, com os governos do PT, a corrupção perdeu os limites da irresponsabilidade e se institucionalizou, com percentuais fixos e tudo o mais. E agora assistimos a essa tentativa de blindagem de notórios corruptos, possibilitando notícias que denigrem cada vez mais a imagem da política brasileira internamente e também no exterior.

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