Quanto mais democrático for o país, maior a zombaria envolvendo os seus políticos - eles foram inventados para isso mesmo - e mais piadas circularão. Está tudo amarrado.
Um povo que se impressiona e aceita a superioridade de um político é frequentemente fruto de um Estado doente. Considere, por exemplo, esses dois fenômenos: a) um governo autoritário, que proíbe protestos, manifestações e persegue opositores; b) um povo sem instrução que se curva a qualquer pilantra que aparecer na frente.
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Dias atrás, o deputado Jean Wyllys cobrou mais uma vez, em sua página do Facebook, um posicionamento da esquerda brasileira sobre o que acontece hoje na Venezuela: “Maduro expressa seu desprezo pela democracia e pelas liberdades políticas (…) lembra os totalitarismos do século XX, a militarização da sociedade, com milícias “bolivarianas” armadas pelo Estado que respondem ao partido, a repressão aos estudantes, a prisão de dirigentes da oposição e uma lógica política autoritária que identifica como “inimigo da pátria” todo aquele que se opõe ao governo.”
Mas aquilo que parecia um avanço no discurso do deputado, logo cai por terra.
Na mesma semana em que ele critica Maduro, ao ser questionado sobre os seus próprios comentários maldosos na internet, durante a CPI dos crimes cibernéticos, o deputado disse que tem imunidade parlamentar e que, portanto, não deveria ser investigado da mesma maneira que o Movimento Brasil Livre.
Descer o cacete no governo Maduro é fácil, mas o deputado faz coisa parecida quando convoca para a CPI apenas os opositores do Estado.
Por fim, coisa que divertiu muito o meu fim de semana: Jean Wyllys ameaçou processar Vinícius Perez .por este texto engraçadíssimo de ficção sobre o Halloween, em que ele usou o deputado como um personagem.
Quer dizer, primeiro o deputado critica a perseguição na Venezuela para, em seguida, praticar o mesmo por aqui - nem uma piada escapa.
Dizem as más línguas que basta você mencionar o nome do deputado três vezes para evocar do mundo dos mortos um processo de difamação. Como se deputados tivessem alguma boa fama para perder.
Guy Franco
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