Qual a categoria que ainda não fez ou não pensa em fazer greve? A melhor resposta seria: nenhuma. Todas já fizeram, muitas fazem e nenhuma deixará de fazer, a partir do reconhecimento de esses movimentos de protesto constituírem a única alternativa para assegurar a sobrevivência de seus integrantes.
O exemplo vem de cima. Lula foi o campeão das paralisações enquanto líder sindical. O PT sempre apoiou e participou das greves. Eleito presidente, o primeiro-companheiro jamais se posicionou contra as greves, mesmo quando prejudicavam sensivelmente seu governo. A mesma coisa acontece com Dilma Rousseff, no exercício de um poder que não pode coadunar-se com a estagnação e as consequências sempre danosas para a sociedade, a grande prejudicada pela falta de serviços, transportes, abastecimento, segurança e tudo o mais.
A atual onda de greves tem raízes na constatação histórica de que, com as exceções de sempre, os assalariados sempre são sacrificados. Mas há outro fator determinante do momento atual: a falência do governo na sua obrigação de governar. Diante de uma crise que eles mesmo criaram, Lula, Dilma, PT e penduricalhos conseguiram tornar insuportáveis as condições de vida da população menos favorecida, cujos protestos estendem-se à classe média.
A redução de direitos trabalhistas, o aumento de impostos, taxas, tarifas e contribuições obrigatórias, a alta do custo de vida, a má qualidade dos serviços públicos e, acima de tudo, o desemprego em massa, levam os diversos segmentos sociais a prevenir-se e a manifestar sua indignação diante do abandono em que se encontram.
Continuando as coisas como vão, a começar pelas greves, logo o caos dominará o país. E sem a contrapartida do atendimento às reivindicações grevistas.
Anuncia-se para segunda-feira a greve dos caminhoneiros, dos que trabalham por conta própria e dos empregados de empresas de transporte trabalhando em péssimas condições. São capazes de paralisar o Brasil, não só cortando o abastecimento de gêneros de primeira necessidade e de combustíveis, mas interrompendo o tráfego e os serviços essenciais.
Juntam-se os caminhoneiros aos médicos, enfermeiros, professores, motoristas e maquinistas, funcionários públicos, operários da construção civil e mesmo policiais. Todos clamam por reajustes salariais e mínimas condições de vida e de trabalho. Se não encontram, multiplicam a indignação e as greves.
Fazer o quê? Negociar adianta cada vez menos, mas reprimir despertaria resultados ainda piores. Aliás, reprimir com que estruturas?
As Polícias Militares estão revoltadas, nos Estados. A Polícia Federal já realizou diversas greves. As Forças Armadas julgam-se fora da confusão, pelo menos até que a crise econômica se transforme em crise social, com depredações e invasões generalizadas de estabelecimentos comerciais e próprios públicos. Nessa hora os tanques irão para as ruas, só que para as greves, os militares não tem solução.
Fala-se de uma agenda positiva, de um esforço de união nacional, de planos e programas variados de recuperação econômica, mas nenhuma estratégia evitará o caos caso os detentores do poder não reconheçam a própria impotência e seu óbvio fracasso. Sobra-lhes a única alternativa capaz de impedir a desagregação social e política: a renúncia.
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