O ex-presidente Lula não pratica literatura. Praticou a presidência de um país. E, desde que passou o cargo, o mundo tem se atropelado para saber como ele fez, qual o seu segredo e com que fórmulas mágicas pegou um país quebrado, segundo diz, e o tornou essa potência em que vivemos. Faz isso em palestras de 50 minutos em países da África, do Oriente Médio e da América do Norte, e não chega para os convites.
Sua empresa de palestras, sabe-se agora, arrecadou R$ 27 milhões nos últimos quatro anos. São R$ 6,75 milhões por ano. Quantas palestras serão necessárias para render esse cachê? E haverá assunto para tanta palestra? R$ 10 milhões desse dinheiro vieram dos empreiteiros que estão sendo investigadas pelos assaltos à Petrobras. De tanto ouvi-las, já não deviam saber as palestras de cor?
Sorte de Lula não ser escritor. E olhe que sua vida é uma fabulosa obra de ficção -uma saga com a qual nem as de Jorge Amado, Erico Verissimo e Guimarães Rosa se comparam. Contém intrigas, mentiras, traições, morte, dinheiro, lances de chanchada, reviravoltas -o protagonista aparenta ser uma coisa e se revela outra. E, como toda ficção, boa parte dela é verdade.
Nem toda ficção tem final feliz. Aliás, a melhor é a que não tem.
Ruy Castro
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