terça-feira, 7 de julho de 2015

Ninguém pode ficar para trás

Há 15 anos, quando desabrochava o século XXI, as expectativas positivas mundiais, decorrentes de fatos relevantes ocorridos a partir dos anos 90, simbolizados na queda do muro de Berlim, na Rio 92, e nas decisões da Reunião Mundial da Unesco - A Educação para o Século XXI, em 1998, levaram a comunidade internacional à busca por ações voltadas para o desenvolvimento sustentável e para eliminar as graves desigualdades regionais e sociais, responsáveis pelas incontáveis tragédias vividas pelos povos das nações mais pobres.

Futuro do Brasil (Foto: Arquivo Google)

Em 2000, a Assembléia Geral da ONU fixou os “Objetivos do Milênio”, reconhecendo que o mundo já possuía, pelos conhecimentos adquiridos e pelo grau de avanço da tecnologia, os meios para construir soluções inovadoras, notadamente na educação, na saúde, na redução da mortalidade infantil, na erradicação da miséria e da fome e na garantia de uma sustentabilidade ambiental, fundamentada na ideia de construção de parcerias para o desenvolvimento.

A dimensão do esforço impôs um prazo de 15 anos para que as metas fossem atingidas.

Também em 2000, o "Marco de Ação de Dakar - Educação para Todos”, assinado por 164 paises sob a liderança da UNESCO, recomendou a ampliação dos cuidados na educação para a primeira infância, especialmente no caso das crianças em situação de maior carência, o atendimento as necessidades de aprendizado dos jovens e adultos por meio de acesso a programas apropriados de aprendizagem e de treinamento para a vida, a melhoria, até 2015, em 50% nos níveis de alfabetização de adultos, o acesso à educação básica para todos os adultos e a eliminação as disparidades de gênero na educação primária e secundária.


Em 2015, ano estabelecido para o cumprimento das metas, percebo que pouca coisa mudou e muitas pioraram bastante ao longo desses 15 anos.

A sensação de paz trazida no inicio dos anos 90, está sendo esmagada por uma “nova guerra mundial”, agora concentrada em algumas regiões do mundo, notadamente na África e no Oriente Médio, e pela disseminação do terrorismo, que trouxe elevadas doses de intranqüilidade.

As reuniões que resultaram do acordo de mudanças climáticas firmado durante a Rio 92 se eternizam, e já chegamos a de número 21, que ocorrerá em Paris, em dezembro, sem grandes mudanças.

Secas e inundações passaram a fazer parte do nosso quotidiano e sinalizam um futuro sombrio, sem soluções para o aquecimento global.

E quanto ao “Objetivos do Milênio” e ao “Marco de Ação de Dakar”?

As recentes declarações da Diretora Geral da UNESCO são muito preocupantes: mais de 65 milhões de crianças estão fora da escola, sendo 34 milhões nos países em guerra e nos campos de refugiados.

Na última semana, foi amplamente noticiado pela imprensa que nosso país não conseguiu cumprir 4 das 5 metas fixadas no programa nacional "Educação para Todos". Ainda temos 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola e apenas 54% dos jovens concluem o ensino médio na idade certa.

No contexto mundial, milhares de infelizes têm morrido no Mediterrâneo em busca de uma vida melhor. Somente neste ano foram quase 2 mil. É lamentável que se “morra em busca da vida”.

Vão longe os tempos de esperança, em que se acreditava ser possível construir um mundo melhor. As vezes parece que eles não voltam mais, se é que existiram. Entretanto, é preciso resistir, pois ninguém pode ficar para trás. Esta deve ser a luta de todos.

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