quinta-feira, 25 de junho de 2015

Não é fácil encarar com isenção o que se passa hoje no país


Iniciar estas linhas por quem? Pelo jogador Neymar ou pelo fraco técnico Dunga, que, antes do jogo contra a Venezuela, com inaceitável submissão ao jogador, deixou para o primeiro a decisão de voltar ao Brasil ou de ficar na delegação (por nossa conta!) até o término da competição, depois que o titular da camisa 11 foi justamente punido com a expulsão no jogo contra a Colômbia? Ou não é assim que se deve tratar esse menino mimado, que perdeu totalmente a noção de limite?

Apenas um palpite: Neymar deveria ter sido expulso quando demonstrou, logo no início do jogo, atitude antiesportiva, além de comportamento truculento diante do árbitro. Ou melhor: deveria ter sido sacado do campo pelo técnico antes de ser expulso e, em seguida, severamente punido por ele com o afastamento, não só do seu comando em campo, mas do time por uma partida. Essa seria a atitude correta.


Ou devo iniciar estas linhas a partir do prazo de 30 dias úteis, concedido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), para que a presidente Dilma explique as razões (e elas não existem) das graves irregularidades cometidas nas suas prestações de contas de 2014?

Ou, então, devo iniciá-las pela feliz recepção que o governo Nicolás Maduro, da Venezuela, depois de concordar com sua visita, proporcionou à comitiva de senadores brasileiros em Caracas? Digo “feliz recepção” porque essa visita só se tornou importante por ter revelado, uma vez mais, que o sucessor de Hugo Chávez, prestigiado pelo governo Dilma como se fosse notável estadista, não passa de um déspota, que está com os dias contados. Como os outros que se foram.

Mas, dentre tantos acontecimentos que deprimem e envergonham os brasileiros, o que mais reflete nossa triste realidade talvez seja a palestra recente (dessa vez não remunerada…) que o ex-presidente Lula deu no instituto que leva o seu nome, com a presença do velho amigo Gilberto Carvalho e de religiosos. Até agora, ninguém se manifestou sobre as razões dessa palestra, muito menos denunciou o motivo por que foi amplamente noticiada pela imprensa, considerada pelo palestrante não só inimiga, mas totalmente vendida à elite branca.


Depois de criticar duramente sua criatura e seu governo (que é também dele), a “gerentona” e/ou a “mãe dos pobres” (que ele inventou), Lula afirmou que o PT está abaixo do “volume morto”, mas ele e Dilma também estão no “volume morto”; depois de dizer que o governo Dilma é um governo de mudos e que ela não consegue nem viajar, nem falar; depois de cobrar da presidente uma agenda positiva, Lula insistiu na demagogia (ou na mentira?) como tática política (ou não é assim que se traduz o que ele disse?): “Na falta de dinheiro, tem de entrar a política. Nesses últimos cinco anos, fizemos muito menos atividade política com o povo do que fizemos no outro período. Isso acabou, Gilberto”!

A reação de Neymar contra o juiz é grave, mas qual terá sido a razão da sua atitude? Não será nada estranho se amanhã me disserem que sua expulsão se deveu unicamente a motivos pessoais.


Foi difícil iniciar estas linhas, mas está fácil encerrá-las: a política e o futebol foram tragados pela corrupção. E ela não está num só partido, num só político ou apenas na seleção. Está em nosso tecido social. Não nos cansemos de repetir, portanto, que a reforma do nosso país tem de começar a partir de nós e com a educação à frente.

Quando seremos, enfim, capazes de entender isso?

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