domingo, 3 de maio de 2015

União ou caos

Charge Super 02/05
Dilma não tem apoio irrestrito nem mesmo do PT
Antes de suceder, pois apenas substituía Fernando Collor, o até então pouco conhecido Itamar Franco tomou a única decisão capaz de sustentá-lo na presidência da República e manter as instituições funcionando: reuniu os líderes de todos os partidos e disse que, sem a união de todos, o país se desmancharia. Queria uma união nacional de emergência para evitar o caos iminente, a começar pela inflação galopante, passando pelo descrédito do Poder Executivo.

Obteve o apoio geral, exceção do PT, para a formação de um ministério em condições de enfrentar os gigantescos desafios postos em suas mãos. Só o Lula ficou contra, obrigando os companheiros a saltarem de banda diante do dramático apelo. Luiz Erundina, convidada para a área social, aceitou e desligou-se do PT.

O esforço acabou dando certo, Itamar inscreveu-se como o melhor presidente da Nova República, e determinou que Fernando Henrique, meio a contragosto, encomendasse o Plano Real, que acabou com a inflação. No fundo de tudo estava a colaboração que as forças político-partidárias emprestaram ao apelo presidencial.

Deputados e senadores não eram diferentes dos atuais. Entre eles havia gente de primeiro nível, assim como vigaristas no extremo oposto, destacando-se a grande maioria silenciosa, que sem ser brilhante, percebeu a oportunidade de contribuir para um período duro, mas.

Já se escreveu ser o passado o nosso maior tesouro, pois nele encontramos as lições para construir tanto quanto para evitar. O governo Dilma só tem uma saída, perdido que está em situação muito parecida com a que Itamar encontrou. Ou toma a iniciativa de reunir as forças dispersas e conflitantes ao seu redor ou mergulha no precipício onde já começa a escorregar.

Torna-se necessário que a presidente, com o Lula à retaguarda, comece mudando tudo, depois de reunir os dirigentes de todos os partidos: um novo ministério, um programa de recuperação econômica voltado para o crescimento, não para a recessão, o combate total à corrupção, a extinção das barganhas partidárias em troca de nomeações, a convocação dos diversos setores nacionais, dos sindicatos ao empresariado, ao Judiciário, aos governadores e prefeitos, à inteligência, à universidade, às religiões e até aos militares.

Esse apelo, a exigir humildade, não arrogância, precisa ser feito diante da alternativa: ou união ou caos. A desagregação está a um passo de todos nós. Madame foi reeleita para mais quatro anos e a premissa surge clara: ou muda tudo em busca da união nacional ou não chegará ao final do ano como presidente da República.

O exemplo de Itamar Franco está à vista de todos. Pode ser seguido ou rejeitado. Depende dela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário