O singular naquelas brincadeiras era menos desagravar a morte de Jesus do que caracterizar os bonecos como pessoas de que as comunidades não gostavam, de preferência políticos, governantes, nas escolas, professores, e até jogadores de futebol do time adversário.
A pantomima é para ser encenada hoje, mas sem o brilho de antanho, já que atualmente, através dessas maquininhas diabólicas, consegue-se atingir, criticar e desmoralizar muito mais gente com um simples digitar de teclas. Paciência, o mundo anda para a frente, apesar de às vezes como caranguejo.
Mesmo estando em baixa a prática de malhar o Judas, no interior e nas capitais, dezenas de bonecos foram parar no alto dos postes. A pergunta é quem representavam.
Com todo o respeito e evitando fulanizações constrangedoras, dividiu-se o país, mais ou menos como nas duas manifestações de 13 e de 15 de março: na primeira data, a metade menor foi para as ruas em apoio ao PT, às centrais sindicais e ao governo. Dois dias depois a metade maior protestou contra os donos do poder, a alta do custo de vida, a redução de direitos trabalhistas, a corrupção desenfreada e a necessidade de mudanças nos serviços e nas instituições públicas.
Ontem, terá sido a mesma coisa, com a criançada, espontaneamente ou induzida, malhando um Judas do gênero feminino. Com o apoio de boa percentagem de adultos.
As lições que vêm das ruas costumam sobrepor-se às dos mestres, doutos ou acadêmicos. Refletem o sentimento popular que raríssimas vezes surge na contramão. Valeria à pena que não fosse desconsiderado esse momento, no palácio do Planalto. A opinião pública insurgiu-se contra o governo, como as mais recentes pesquisas de opinião vem demonstrando.
O recém nomeado ministro da Comunicação Social acaba de anunciar novos propósitos a desenvolver, entre eles o de integrar o poder público com os anseios da população. Seria bom que tivesse mobilizado suas câmeras e seus observadores para elaborar conclusões deste Sábado de Aleluia. O Judas, agora, tem nome e número no catálogo telefônico.
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