A forma não substitui o conteúdo, da mesma maneira que o adjetivo não pode entrar no lugar do substantivo. Nos dois casos, ambos se completam e até se complementam. A presidente da República editou, por exemplo, medidas provisórias que reduzem direitos trabalhistas em vigor. Sem discutir ainda o mérito de tais questões, comprova-se que as posições da candidata na campanha eleitoral não coincidem com os posicionamentos da presidente. Por isso mesmo, torna-se difícil articular-se sua aprovação, sobretudo pelo reflexo negativo que apresentaram através da voz das ruas. Pois uma coisa é falar sobre intenções, outra coisa é confirmá-las na prática.
As dificuldades maiores do Planalto, portanto, não começam e terminam nos diálogos com o Parlamento, mas se desenvolvem atravessando o campo das reações populares e deságuam no mar de impossibilidades. As manifestações populares tornam-se cada vez mais importantes e decisivas no encaminhamento das decisões políticas. Assim, a substituição de Mercadante apresenta um peso relativo na sequência de insucessos que se projetou ao longo de apenas dois meses e meio. Não foi a única causa, embora tenha ele reunido em torno de si fortes ondas de reação contrárias. Entretanto, a entrada em cena de Lula modificou o quadro existente em Brasília para que ele se reflita nas ruas melhor do que está acontecendo até agora. Conseguirá? Vamos esperar os fatos que vão surgir.
Pedro do Coutto
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