domingo, 8 de fevereiro de 2015
Jamais visitou um poço de petróleo
Vamos que na véspera de uma decisão qualquer, o Neymar se contunda ou até se negue a entrar em campo. Caberá ao Dunga encontrar um substituto à altura, mas como reagirá a torcida caso ele convoque o Marcelinho, craque do basquete sem a menor intimidade com o futebol?
É o que acontece com a presidente Dilma no papel de técnico. Para presidir a Petrobrás, foi buscar Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil. É claro que como no basquete e no futebol, joga-se com uma bola, mas são diversas as regras e características dos dois esportes. No mínimo, o Marcelinho vai querer jogar com as mãos e estranhará o tamanho do gol quando se aproximar da área adversária…
A substituição de Graça Foster na presidência da Petrobrás evidencia, uma vez mais, o descontrole, a falta de critério e a incapacidade do nosso Dunga do palácio do Planalto. Dilma não consegue formar uma equipe, e quando anuncia alguma escalação, deixa óbvia a confusão. Bendine por ser bom na aquisição de bancos estrangeiros, até mesmo na facilitação de crédito para os fregueses do Banco do Brasil, mas, em matéria de petróleo, confunde pré-sal com salamaleque. Terá carta-branca para que? De que forma irá recuperar a imagem da esfrangalhada empresa estatal, se jamais visitou um poço de petróleo?
Mais esse episódio mostra o pantanal em que o governo se meteu sem a menor possibilidade de recuperação. Afunda cada vez mais nas próprias contradições, primeiro comprimindo, depois aumentando preços e impostos. Suprime direitos trabalhistas, entrega-se à chantagem dos partidos e colhe derrotas no Congresso.
Dona das verdades absolutas, a presidente imagina-se imperatriz da nação, instância suprema de todas as decisões. Não consegue dialogar com os sindicatos nem com o empresariado. As bases de seu partido encontram-se em franca rebelião, ao tempo em que as forças aliadas comportam-se como adversárias. A inflação sobe, o PIB desce, ao tempo em que a fatura dos desatinos vai para onde sempre foi: as massas e a classe média. A sombra do racionamento de água e de energia só não assusta mais do que o desemprego. Convenhamos, algo necessita ser feito, mas o quê?
O exemplo do que fazer talvez venha do Vaticano. Diante da inoperância de um Papa sem condições de exercer suas funções, mas sem ânimo para enviá-lo ao Criador mais cedo do que dispõe os Sagrados Desígnios da Providência, os cardeais decidiram eleger outro. Ambos convivem, ainda que apenas um venha tentando, até com sucesso, recolocar a Igreja em seu caminho.
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