sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Escolas de corrupção


É paradoxal que os políticos cometam o crime de alta traição, roubando o povo, e este siga votando neles
Existem termos, como bondade e justiça, que todos aspiramos a atingir, sem conseguir, e outros, como corrupção, que todos queremos combater, também sem conseguir. A corrupção se tornou a enfermidade incurável das democracias e está roendo, no Brasil, no México, na Espanha e em muitos outros países, as bases do sistema de convivência e a credibilidade política.

Ao se analisar sua origem —independentemente de sua justificativa histórica de herança da Espanha a suas colônias—, não é um problema que se esclareça ou se corrija apenas com leis, com iniciativas mais ou menos intermitentes da Justiça ou com grandes campanhas de denúncia na imprensa. Com ela acontece, geneticamente, como com o instinto democrático, o respeito às leis ou à vida: há coisas que não são aprendidas porque a lei obrigue, mas porque são mamadas desde o berço. Pois bem, o mundo latino não mamou o desprezo à corrupção.

Nesse contexto, caso se perguntasse a Lula da Silva por que durante seu mandato foi organizada a maior rede de corrupção da história, num sistema tão prostituído como o brasileiro, o ex-presidente e os membros de seu governo responderiam que o fim justificava os meios. Numa visão tática, a justificativa seria que, em vista de ser a primeira vez que a esquerda governava o Brasil, não se poderia deter o avanço da história em razão de pequenas considerações morais. Dessa maneira nasceu o caso do Mensalão (o escândalo das mensalidades, isso é, a compra de votos pura e simples no Congresso), e dele, o da Petrobras, e dali, a destruição do sistema.

Leia mais o artigo de Antonio Navalón

(...) A corrupção evidencia o que parecem esquecer os populares, de um lado, e os dirigentes, do outro: os políticos vêm do povo que traem, usando a corrupção como uma arma, ainda que aparente, de desenvolvimento social.
Ao final, parece que ninguém escapa da tradição da corrupção nos países latinos. Não é que essa não ocorra nos anglo-saxões, mas eles têm mais instinto de sobrevivência e um sentimento, não sei se de temor ou de convicção, inculcado desde o berço, de que a corrupção não fica impune, embora quando explode seja tão brutal quanto em nossa cultura, na qual nascemos obrigados ao direito de ser corruptos.

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