A Guerra
Fria acabou, mas já pensou se o comunismo tivesse ganhado?
Não
haveria greves de bancários todo ano, até porque nem haveria bancos.
A
indústria de malas quase quebraria, com o turismo em baixa, embora malas
continuassem a existir ao menos para carregar dinheiro, já que, sem bancos,
como iria ser paga a corrupção?
Não
importaríamos médicos cubanos: eles já seriam formados aqui em nossas
faculdades, para evitar despesas de viagem. Solidariamente, nem precisariam
fazer vestibular, mas, como médicos, continuariam a enviar 70% do
salário-solidário para o governo de Cuba.
Não
haveria cotas raciais, pois, como o comunismo prega que somos todos iguais
(como também nossa Constituição atual), não faria sentido os negros serem
diferenciados. Mas o pessoal do Partido Comunista, claro, ficaria com as
melhores casas, inclusive de campo, e trabalharia sem horário nem patrão;
apenas o povo continuaria a trabalhar com horário porque, você sabe, o povo não
sabe cuidar de si e por isso precisa de um Partido de companheiros Comunista.
Raul
Castro não ficaria hospedado na Granja do Torto, mas no próprio Palácio da
Alvorada, com redes penduradas naquelas colunas projetadas pelo Niemeyer, e que
parecem feitas para receber pencas de redes. Nada como o comunismo para nos
fazer ver o óbvio.
O único
jornal seria o Cruzeiro do Sul e teria cinco páginas como o Cruzeiro do Sul tem
cinco estrelas. Mas como, perguntarão os céticos e críticos, um jornal com
número ímpar de páginas? Sim, a última página será em branco, para facilitar a
graciosa moda cubana de usar o jornal oficial como papel higiênico em falta.
A Comissão
da Verdade supervisionaria a construção do Monumento aos Heróis, os mortos e
torturados pela ditadura, mais alto que as Pirâmides do Egito, com diretoria vitalícia
e orçamento secreto, sem qualquer supervisão, ou seria uma afronta aos heróis.
Anexaríamos
o Paraguai usando o mesmo esquema hitlerista que Putin está usando na Ucrânia:
motins, desordem, confusão, para então o país ser invadido em nome da ordem e
da união. O Uruguai deixaríamos como informal colônia de férias para os
companheiros do Partido, longe do olhar sempre curioso das massas.
Para
levantar o ânimo do povo, invadiríamos as Ilhas Malvinas para devolver à
Argentina.
Como
pregam os candidatos comunistas à presidência da República, não haveria patrões
mas, para haver impostos a sustentar o governo e o Partido, as empresas
continuariam a existir com o nome de Coletivos Comerciais, Industriais ou de
Serviços. Se não sobrevivessem, seria culpa do imperialismo ianque.
Todas
estatizadas, seriam geridas por comitês de trabalhadores partidários que,
claro, teriam salários muito maiores que os outros pois, como já previu o
camarada Orwell, no comunismo uns são mais iguais que os outros.
O ensino
médio seria promovido a superior, que é elitista até no próprio nome, e as
aulas seriam só sobre marxismo. Os hospitais seriam construídos só com
corredores, igualando o tratamento para todos. E as igrejas continuariam a
existir, desde que conscientes de que haveria um Deus no Céu e, na terra, o
nosso Grande Líder do Partido Comunista que nos governaria com a competência
herdada de Stalin e Fidel.
De quatro
em quatro anos, faríamos eleições como em Cuba, só com candidatos indicados
pelo Partido para aprovar tudo que o Partido decidisse, inclusive os temas
proléticos (politicamente proletários) para as escolas de samba. A Seleção
Canarinho seria rebatizada como Arara Vermelha e, se perdesse por mais de um
gol, o time seria exilado na Antártida, já que não temos Sibéria.
Sonhar é
grátis; sonhemos, companheiros!
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