Bolsonaro espera que cada brasileiro bolsonarista cumpra com o seu dever de votar nele, mesmo que insatisfeito com o governo. Se isso acontecer, grandes serão suas chances de disputar contra Lula o segundo turno da eleição do ano que está por chegar.
O autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, que hoje renega o título de “guru” da primeira família presidencial brasileira, escreveu que votará em Bolsonaro, embora frustrado. Ao seu juízo, o ex-capitão fracassou no combate ao comunismo.
O fantasma do comunismo caiu como uma bênção do céu para os militares que desde 1954 queriam abolir a democracia, o que só conseguiram 10 anos depois. O mundo vivia o período da Guerra Fria, Estados Unidos x União Soviética, capitalismo x comunismo.
A União Soviética dissolveu-se exatamente há 30 anos. Cuba e Coréia do Norte não são exemplos de comunismo que meta medo em ninguém. Sob o tacão do Partido Comunista, a China tornou-se uma fulgurante vitrine do capitalismo sem máscara de democracia.
Quem sequer leu um livro, nem mesmo as memórias do torturador Brilhante Ulstra, não é um anticomunista a ser levado a sério. Bolsonaro, em 2002, votou em Lula, acusado de ser comunista, e quis fazer de Aldo Rebelo, do PC do B, ministro da Defesa.
Anos antes, planejara atentados terroristas a quartéis imaginando arrancar melhores salários para a soldadesca. Afastado do Exército por insubordinação, ingressou na política para sobreviver e virou um sindicalista militar, vivandeira de tropas. Nunca passou disso.
Não lhe cobrem ideias, coerência ideológica, fidelidade a partidos, porque em momento algum de sua vida ele as teve, nem sabe do que se trata. Como um reles batedor de carteiras, aproveitou a oportunidade que o destino lhe deu para eleger-se presidente.
Muitos dos que lhe deram o voto ainda dizem que à época era uma escolha difícil entre Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Ou então que simplesmente acreditaram que ele não poderia vir a ser o mal que se revelou. Quem não sabia que seria assim? Faça o favor!
Há limite para tudo, inclusive a ignorância. Uma vez que hoje não dá mais para dizer que não sabe quem é Bolsonaro, resta ver que desculpa será usada para votar nele de novo. Os únicos dispensados de pedir desculpas são os à sua imagem e semelhança.
Ricardo Noblat
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