Não importa a pergunta. Se o jornalista falar da tragédia ambiental, do fogo na mata, dos animais carbonizados, do desmatamento criminoso, do ataque às nascentes, da destruição da terra ou da expulsão dos indígenas, ele responderá a tudo com seu ar blasé e bonachão. Não pode desmentir as acusações filmadas e documentadas, mas também não vê nada demais nelas. Vamos resolver, sorri. E não o altera que, a cada sorriso benigno que oferece às câmeras, uma ararinha azul ou onça-pintada vire torresmo pela ação ou inação de seus subordinados.
É o seu estilo, a naturalidade com que recebe as gafes, impropriedades e mentiras do governo. Não é tão grave assim, não fomos nós que fizemos, não foi bem isso que ele quis dizer —são alguns de seus mantras para defender os homens que estão demolindo a saúde, a educação, o trabalho e o caráter do país.
Ou talvez nada seja com ele. Mourão deve sentir-se reconfortado por ser apenas o vice-presidente dessa miséria —confiante de que, por sua função subalterna, não será cobrado por ela.
Mas é aí que se engana. Ele faz parte do governo. Ao ser tão "compreensivo" diante do que vê e que sabe, está pondo seu jamegão no que acontece lá dentro. A não ser que não veja nem saiba nada, e seja mesmo só decorativo —como se julga.
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