Quando a montanha ficou coberta com uma grossa cama de neve, um lobo ficou sem comida. Ele não gostava de passar fome, embora se lembasse das bordoadas dos roceiros e de várias experiências desagradáveis pelas quais tinha passado. Mesmo assim ele se encheu de coragem para descer a montanha e roubar uma galinha numa fazenda. Desta vez, graças à rapidez com que fez o serviço, ele se livrou de apanhar. Estava muito contente e, no caminho de volta. pensou: "Nada a temer! Ninguém vai me perseguir! Quem é que tem coragem de fazer uma coisa dessas, ahn-ran?! É claro que fui eu, o lobo! Roubei à luz do dia! Esse sempre foi o meu método!"
O lobo pensou que, já que ele estava com a razão, poderia ser audacioso. Carregou a galinha morro acima e a degustou prazerosamente. Mas, de repente, ele ficou apavorado! Na neve havia vestígios de sangue e as marcas das patas! Isso preocupava! Poderia trazer problemas e era um perigo quanto ao que poderia acontecer. Ele ficou nervoso e pensou: "As provas da culpa estão diante dos olhos para serem vistas; se me perseguirem, não tenho como desconversá-los; é melhor começar por desmentir!"
Com base nisso, começou a gritar na direção da fazenda:
- Vejam só! Isso não passa de boato que alguém espalhou para prejudicar minha reputação!
Ao mesmo tempo, ele correu para apagar, com a boca, os vestígios de sangue e as marcas de patas. Quanto mais ele esfregava, mais o sangue se tornava visível. É que a boca do lobo estava suja com o sangue que ele não tinha tido tempo de limpar com a língua.
Feng Xuefeng, " Fábulas"
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