O fogo já destruiu cerca de 16% do Pantanal, a maior planície alagada do mundo, onde vivem 36 espécies em extinção. Até a semana passada, 23 mil quilômetros quadrados foram reduzidos a cinzas. Uma área maior que a do estado de Sergipe.
Os efeitos para a fauna local ainda não puderam ser calculados. O Parque Encontro das Águas, principal refúgio das onças-pintadas, perdeu mais de 70% de seu território. Mas nem imagens de animais carbonizados foram capazes de sensibilizar o Planalto.
Na semana passada, uma youtuber mirim perguntou à turma do palácio: “Tá pegando fogo no Pantanal?”. O presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão responderam com risadas. No domingo, o ministro Ricardo Salles divulgou um vídeo em que passeia num carro de boi. A pecuária está na origem dos incêndios que destroem a região.
A Polícia Federal afirma que a origem do fogo é criminosa. Fazendeiros destruíram a mata nativa para abrir pastos. Em ano de seca atípica, as labaredas saíram do controle e se alastraram para áreas preservadas. O governo demorou a se mexer para reduzir a extensão da catástrofe.
Foi um risco calculado. Segundo levantamento da Deutsche Welle, o investimento na contratação de brigadistas despencou 58% em relação ao ano passado. A asfixia aos órgãos ambientais já virou política de governo. Para 2021, estão previstos novos corte nos orçamentos do Ibama (4%) e do ICMBio (12,8%).
O bolsonarismo já tentou negar o avanço das queimadas, que é medido por satélites. Agora a tática é atacar quem divulga os dados da destruição. Ontem o general Mourão disse que os números seriam vazados por oposicionistas infiltrados no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. A mentira é parte do programa Queima Brasil. As informações do Inpe são públicas, podem ser consultadas na internet.
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